Otan avalia enviar armas à Ucrânia

Os membros da Otan "estão determinados a fornecer mais apoio à Ucrânia"

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) considera que os corpos em Butcha, vistos após a retirada russa da cidade ucraniana, mostram “uma brutalidade insuportável que a Europa não testemunha há muitas décadas”. A declaração foi feita nesta terça-feira (5) pelo secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

Na quarta-feira (6), ministros das Relações Exteriores dos países que integram a aliança militar irão se reunir para tratar da guerra da Rússia na Ucrânia, que chegou ao seu 41º dia. Segundo Stoltenberg, os ministros discutirão o que mais será feito. De acordo com ele, os membros da Otan “estão determinados a fornecer mais apoio à Ucrânia”.

“Incluindo armas antitanque, sistemas de defesa aérea e outros equipamentos. Os aliados também aumentaram a assistência humanitária e a ajuda financeira”, disse o secretário-geral da aliança.

Hoje, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fará um pronunciamento ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Ele tratará sobre os corpos encontrados em Butcha, que fica perto da capital, Kiev, após a retirada de tropas russas da região. “Estamos interessados na investigação mais completa e transparente, cujos resultados serão conhecidos e explicados à toda a comunidade internacional”, disse Zelensky, em vídeo, na segunda-feira (4).

Mais cedo, em entrevista a jornalistas ucranianos, o presidente disse que avalia como um “desafio” as negociações com a Rússia após o massacre em Butcha. Para ele, “cada tragédia, cada Butcha” vai pesar nas negociações. “Mas precisamos encontrar oportunidades para tais etapas”. Apesar de ver um cenário difícil para as conversas, Zelensky disse que elas devem continuar.

Segundo autoridades ucranianas, corpos de civis torturados também foram encontrados em Konotop, a cerca de 260 quilômetros a leste de Kiev, após a retirada russa. A Rússia, porém, nega que tenha cometido os assassinatos e, segundo seu Ministério da Defesa, a Ucrânia faz “filmagem encenada de civis supostamente mortos pelas ações violentas dos russos”.

O secretário-geral da Otan apontou, em sua declaração de hoje, que “as forças ucranianas estão resistindo ferozmente, retomando território dos invasores russos, e forçando a Rússia a mudar seus planos de guerra”. “Mas Moscou não está desistindo de suas ambições na Ucrânia”, disse.

Segundo Stoltenberg, a aliança militar espera que, nas próximas semanas, haja “mais um impulso russo no leste e no sul da Ucrânia”. “Portanto, esta é uma fase crucial da guerra.”

Sobre Butcha, o secretário-geral disse que “alvejar e assassinar civis é um crime de guerra” e que “todos os responsáveis devem ser levados à Justiça”.

Nas conversas sobre a guerra da Rússia, Stoltenberg disse que a Otan se juntará a parceiros da Ásia-Pacífico, citando Austrália, Japão, Nova Zelândia e a Coreia do Sul. “Porque esta crise tem implicações globais, que nos preocupa a todos.” O secretário-geral citou que a aliança observa que a “China não está disposta a condenar a agressão da Rússia”.

“E juntou-se a Moscou para questionar o direito das nações de escolher seu próprio caminho.”

Para Stoltenberg, “trabalhar mais de perto nos tornará mais seguros e protegidos”.

Zelensky na ONU
A intervenção por videoconferência do presidente ucraniano no Conselho de Segurança da ONU será inédita desde a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

A reunião de terça-feira já estava programada antes do anúncio do aparecimento de Zelensky, e incluirá a participação do secretário-geral da ONU, António Guterres.

Ontem, Zelensky passou meia hora nos subúrbios de Butcha. O presidente ucraniano culpou as tropas russas pelos assassinatos. “Estes são crimes de guerra e serão reconhecidos pelo mundo como genocídio”, disse. O presidente deverá receber nesta semana a visita de Ursula Von der Leyen, líder da União Europeia, em Kiev.