Juros no mundo precisarão ficar altos por mais tempo, dizem especialistas

Profissionais se reuniram no evento Money Week, nesta quinta (27), para discutir o atual cenário político-econômico

Especialistas em economia se reuniram nesta quinta-feira (27), no evento Money Week realizado pela EQI Investimentos, para discutir o atual cenário político-econômico mundial e local. Com a temática “Análise do impacto da política de juros e suas implicações”, o primeiro painel trouxe a discussão sobre o corte de juros ao redor do mundo, que deverão continuar altos por mais tempo.

“No mundo, estamos em um período de mudanças. Acho que o pior da inflação ficou para trás, mas o trabalho está mais difícil. Acho que estamos chegando no final do ciclo do aperto monetário. Mas a mensagem é que como o final do ciclo está difícil, o juros vai ficar alto por mais um tempo”, disse o economista sênior e estrategista da Occam, gestora de recursos, André Duarte.

Segundo ele, a previsão para os EUA é que até o final do ano, os juros se mantenham dentro da margem atual dos 4,75% e 5%. Já na Europa, o especialista comenta sobre a situação estar mais difícil, e que os juros provavelmente permanecerão altos por mais tempo.

E o juros no Brasil, vão baixar?

O economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel Weeks, explica que os ataques ao Banco Central (BC) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm efeito contrário do que o executivo deseja: baixar a taxa Selic (taxa básica de juros no Brasil), que se encontra em 13,75%.

“O ataque que está sendo feito ao BC, caso ele ceda às pressões, provavelmente implicará em inflação permanentemente mais alta no Brasil.. A gente entende que o Governo quer juros mais baixos, mas o BC precisa primeiro ter inflação mais baixa. O Banco Central precisa ser muito paciente para conseguir os dois objetivos: inflação baixa e juros baixos. Cortar juros agora, é arriscado”, explicou.

No entanto, o Weeks argumenta que o Banco Central não está indo para o caminho de dominância fiscal, ou seja, subir os juros abruptamente. Isso porque, se esse cenário acontecer atualmente, a dívida ficará descontrolada, o que irá prejudicar a economia.