Fusão na Americanas (AMER3) pode ser alternativa para o negócio?

Para analistas, por ora, fundos e empresas ficarão longe de fusão ou aquisição da varejista; entenda

A possibilidade de falência da Americanas (AMER3) é distante, segundo especialistas consultados pelo BP Money nesta semana. Por outro lado, as chances da companhia voltar ao patamar que estava até o pregão da última quinta-feira (12) também são mínimas, já que perdeu cerca de R$ 8,3 bilhões em valor de mercado e tem uma “inconsistência contábil” – ainda sem muitos esclarecimentos – de R$ 20 bilhões. Dessa forma, surge o questionamento sobre a possibilidade de uma fusão ou aquisição envolvendo a varejista, o que (talvez) poderia ser uma saída.

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Para Caue Mancanares, CEO da Investo, até ser analisado, no detalhe, o impacto da contabilização dos R$ 20 bilhões, e o seus efeitos no caixa e no balanço, será muito difícil que qualquer operação aconteça, seja com fundos de investimentos ou outras empresas.

“Não há nenhum fundo de investimentos ou empresa que vá fazer uma operação com tanta incerteza. O que foi descoberto é uma contabilização de R$ 20 bilhões e não se sabe o impacto disso no fluxo de caixa e no balanço. É muito difícil que uma empresa do mesmo setor, concorrente ou um fundo que queira fazer um aporte, faça qualquer movimento até que se saiba o grau de impacto da contabilização, de onde vem esse valor”, explicou Mancanares. 

O especialista destacou que depois que for entendido o tamanho do impacto, a situação deve se normalizar. Com isso, um novo valor justo deverá ser colocado para a empresa, e assim ela pode se tornar atrativa para uma outra empresa ou fundo que queira fazer uma fusão, aquisição ou até um novo aporte de capital para a empresa ser sustentável em termos de fluxo de caixa novamente. 

O analista da Empiricus, Fernando Ferrer, também considera nula a chance de aquisição da Americanas por outra companhia, no cenário atual. 

“Os investidores estão muito receosos. A empresa está com a faca no pescoço e existem muito mais dúvidas do que certezas. Hoje é importante que a empresa sane essas dúvidas e que ela consiga mostrar todos os controles que ela tem para reajustar a casa e aí sim a gente pensar em alguma alguma coisa nesse sentido”, afirmou Ferrer. 

“Na forma como está hoje, com as dúvidas que o mercado tem levantado e como, eventualmente, as inconsistências podem ser maiores do que US$ 20 bi, não acredito que nenhuma empresa se aventuraria a comprar, porque fica até difícil você fazer um valuation da companhia dado o grande nível de incerteza em relação ao seu balanço”, complementou Ferrer.

Ações da Americanas (AMER3)

As ações da Americanas operam em alta nesta sexta-feira (13). Por volta das 15h50, os papéis avançavam 41%, a R$ 3,84. Para quem tem as ações, segundo especialistas consultados pelo BP Money, o ideal é esperar por sinalizações mais concretas e não adquirir mais papéis da companhia, já que a queda dos papéis não significa, necessariamente, uma possibilidade real de lucro no futuro. 

Para a InterInvest, do Banco Inter, a Americanas já vinha com dificuldades relevantes antes mesmo do Fato Relevante desta semana. “A ineficiência das lojas físicas, o nível de ruptura e a fraca performance do canal online 1P são pontos de atenção há vários meses. A chegada do Sr. Rial, executivo renomado, era um alento para os investidores de que a operação aceleraria a rentabilidade. Não mais. Agora Americanas tem um desafio ainda maior, pois os velhos problemas continuam, além da visibilidade limitada sobre a extensão dessas inconsistências contábeis e da perda de um CEO ímpar”, informou a InterInvest.

Para a casa de análise, no varejo, a recomendação vai para outros segmentos e outros setores à exposição ao ecommerce.