Escassez de créditos para CNPJ faz disparar renegociação de dívidas

A tendência é que as condições de crédito continuem duras pelo menos até o fim do ano

Empresas endividas têm recorrido a renegociação de débitos, além de recuperação judicial e extrajudicial, para continuar na ativa por causa das dificuldades de conseguir crédito empresarial. Os problemas quanto ao crédito deve continuar, pelo menos até o fim do ano, dificultando a operação das companhias brasileiras, acreditam analistas.

O BC divulgou que a concessão de crédito para pessoas jurídicas foi de R$ 166 bilhões em fevereiro, valor 8,6% inferior ao de janeiro. Para o Goldman Sachs, é provável que esse cenário piore. “Esperamos que as condições de crédito se tornem mais exigentes nos próximos meses devido ao alto nível de endividamento do consumidor, taxas elevadas, perspectiva de abrandamento da atividade real e o surgimento recente de várias situações de dificuldade de crédito corporativo”, afirma relatório do banco.

Com todas as dificuldades, as companhias têm tido dificuldade de rolar dívidas. As que conseguem estão pagando juros pesados. Para os que não estão conseguindo a opção de crédito, as recuperações judicial e extrajudicial têm sido a saída. Na última semana, o Grupo Petrópolis, dono da cerveja Itaipava, e a varejista de moda Amaro recorreram, respectivamente, a esses expedientes.

Itaipava: Petrópolis pede recuperação judicial com dívida de R$ 4,4 bi

O Grupo Petrópolis, concorrente da Ambev (ABEV3) no mercado brasileiro de cerveja, entrou com pedido de recuperação judicial na segunda-feira (27), em caráter de urgência. O processo está sob segredo de Justiça e, de acordo com o documento obtido pelo BP Money, a dívida soma R$ 4,4 bilhões.

O grupo apresentou o pedido à 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro e incluiu mais de 30 empresas do Petrópolis, incluindo os braços do grupo que atuam na geração e comercialização de energia e no setor agropecuário.

A empresa é dona de marcas conhecidas no mercado, como Itaipava, Petra e Crystal, e passa por uma crise de liquidez há 18 meses, vendo o volume de vendas cair desde 2021, segundo afirmaram os advogados do grupo.