Economia

Câmbio tem primeiro ano sem intervenções do BC desde 1999

Forte fluxo de entrada da moeda americana pelas exportações e menor volatilidade do real permitiram que autoridade não realizasse leilões

O ambiente favorável no câmbio doméstico ao longo do ano passado não se limitou à queda do dólar, que passou de R$ 5,27 para R$ 4,85 no período. Pela primeira vez desde 1999, o Banco Central (BC) não promoveu intervenções no mercado por meio de novos leilões, em virtude da menor volatilidade do real e da valorização gradual da moeda brasileira ao longo de 2023.

O Valor cruzou informações da base de dados sobre as ações do BC no mercado de câmbio com os comunicados da autoridade monetária, que diferenciam as intervenções novas daquelas que apenas rolaram instrumentos antigos. Os dados obtidos indicaram que, ao longo do ano passado, não foram conduzidos novos leilões no mercado de câmbio, nem por meio de contratos de swap cambial, nem através de venda ou compra de dólares à vista. Adicionalmente, o BC também não promoveu novos leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra).

Assim sendo, foi registrada a menor intervenção do Banco Central no câmbio desde a adoção do regime de câmbio flutuante no país, em 1999. Durante esse período, o BC tradicionalmente realizava intervenções em momentos de estresse e alta volatilidade da moeda brasileira.

BC: servidores reafirmam paralisação por 24 horas no dia 11

O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) reafirmou nesta quarta-feira (3) a paralisação de 24 horas para o dia 11 de janeiro. O ato já havia sido anunciado no dia 29 de dezembro, após assembleia da categoria.

Entre as reivindicações dos funcionários da autoridade monetária, estão bônus por produtividade, reajuste na remuneração, exigência de nível superior para cargo técnico e mudança de nome do cargo de analista para auditor.

De acordo com o sindicato do BC, o Orçamento aprovado para este ano beneficia “auditores fiscais da Receita Federal e a Polícia Federal, deixando de lado os servidores” da autoridade monetária.

“Além disso, o governo se reuniu e apresentou propostas concretas para essas carreiras, deixando o BC de fora dessas negociações”, afirma o sindicato.

Há algumas semanas, os servidores do BC estão em “operação-padrão”, o que vem causando atrasos na divulgação de alguns indicadores.

Novos diretores do BC tomam posse

Os economistas Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira tomaram posse como diretores do Banco Central na terça-feira (2). Em nota, o BC comunicou uma mudança na designação da diretoria colegiada do órgão. Embora Teixeira tenha sido indicado originalmente para assumir a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, o novo integrante do órgão ocupará a diretoria de Administração.

Atualmente o cargo é de Carolina Barros, que, a partir do dia 2, ficará com a Diretoria de Relacionamento. Segundo o Banco Central, a alteração foi promovida “em total consonância e com a concordância unânime” de toda a diretoria.

“O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comunica ao mesmo tempo uma alteração na designação da Diretoria Colegiada. A partir de 2 de janeiro de 2024, a diretora de Administração, Carolina Barros, passará a ocupar a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta em substituição ao atual diretor Maurício Moura, cujo mandato encerra-se em 31 de dezembro de 2023”, apontou o BC.

Já Picchetti substituirá Fernanda Guardado na Diretoria de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, conforme inicialmente previsto.

“A Direção do BC externa o agradecimento ao trabalho desenvolvido por Fernanda Guardado e Maurício Moura ao longo de seus respectivos mandatos como diretores do BC. Em todo momento, atuaram com dedicação integral e sempre buscando o máximo de excelência tanto pessoal como de suas equipes”, afirmou a instituição.