BTRA11 abre semana em queda após revelação de recuperação judicial

Processo de recuperação judicial de ativo do FII foi revelado com exclusividade pelo BP Money

O Fundo Imobiliário (FII) BTG Pactual Terras Agrícolas (BTRA11) opera em queda de 1,76%, cotado a R$ 83,50, nesta segunda-feira (27) após cair cerca de 15% na semana passada. O FII passou por uma grande desvalorização após o BP Money revelar que os arrendatários da Fazenda Vianmancel, produtora de milho e soja, que pertence ao fundo, entraram com um pedido de recuperação judicial. 

A operação em questão tem um valor de cerca de R$ 81 milhões dentro de um fundo com valor de mercado de R$ 342,2 milhões, ou seja, cerca de 24% do total do FII. Dessa forma, a recuperação judicial do ativo deverá afetar significativamente a geração de caixa do fundo e, consequentemente, a distribuição de dividendos. 

O caso trouxe dúvidas ao mercado. O analista Caio Ventura – da Guide Investimentos – destaca que, inevitavelmente, a percepção de risco dos investidores para o setor agro de fundos imobiliários deve se acentuar após o caso da Fazenda Vianmancel, que pertence ao BTRA11. 

“O que aconteceu foi bastante alarmante para o fundo. É realmente um grande problema que a gestora tem em mãos. Eles têm algumas possibilidades em mãos para tentar gerir essa crise. Existem algumas saídas e mecanismos de defesa, dentro do próprio contrato que foi feito ali com o arrendatário, e que pode amenizar um pouco tudo isso que a gente viu ontem. De uma forma geral, isso deve piorar a percepção de risco para o setor agro”, disse Ventura. 

Acionistas do BTRA11 devem sofrer com desvalorização das cotas

Segundo os analistas ouvidos pelo BP Money, apesar da distribuição de dividendos sofrer danos imediatos (mas temporários, como noticiaram os gestores do BTRA11) com o episódio divulgado na última quarta-feira (22), o fundo possui ferramentas para sair desse imbróglio. 

“O BTRA11 já perdeu mais de 20% de valor de mercado. O ativo (Fazenda Vianmancel) equivalia a 23%/24% da receita contratada, então está praticamente no preço. Entretanto, o ativo continua dentro do portfólio e com capacidade operacional. Ele só permanece ocioso. O fundo tem a opção de trocar o arrendatário ou vender o ativo. Em ambas as opções, o valor ficaria com o fundo que, eventualmente, compraria outra coisa ou amortizaria os cotistas”, afirmou Ventura, da Guide Invetimentos.