BODB11, fundo de infraestrutura da gestora Bocaina, estreia na Bolsa nesta terça-feira

Segundo o ex-CEO da Santander Asset, Miguel Ferreira, a equação risco/retorno do fundo Bocaina Infra é melhor do que a de seus pares do mercado.

Fundada em 2020 por Miguel Ferreira, a gestora Bocaina estreia o seu novo fundo de infraestrutura nesta terça-feira (3) na B3. O Bocaina Infra (BODB11) terá como público-alvo os investidores em geral e, de acordo com a gestão, uma boa equação no risco/retorno. Em entrevista exclusiva ao BP Money, Ferreira afirma que o BODB11 oferece vantagens ao investidor dado que a gestora origina e estrutura o produto. 

“O BODB11 tem esse tipo de rendimento positivo porque aloca em debêntures com um prêmio maior, que a própria gestora origina e estrutura. Hoje esse fundo tem um carrego de IPCA + 8,11%, isento de imposto de renda, o que os torna uma aplicação bastante interessante”, explicou Ferreira.

Segundo Ferreira, que já foi CEO da Santander Asset, a equação risco/retorno do fundo Bocaina Infra é melhor do que a de seus pares do mercado, principalmente no longo prazo. 

“Talvez esta seja uma grande janela para o investidor alocar neste tipo de dívida e de fundo que a gente faz aqui na Bocaina. Ao investir neste fundo, o investidor tem a capacidade de travar um retorno. Ele está exposto a papéis de duration de longo prazo, então você consegue comprar um papel com um carrego de IPCA + 8,11% e travar isso por sete anos. Acho que essa é uma janela muito boa. Eu, de fato, acredito que deveríamos ter um call de compra para esse tipo de papel”, disse Ferreira.

O fundo de infraestrutura da Bocaina investe em debêntures incentivadas. Além disso, o gestor afirmou que a Bocaina também tem uma proximidade muito grande com os grandes bancos que operam infraestrutura no Brasil. Tudo isso facilita para que a gestora possa ter taxa de juros e prêmio um pouco mais altos do que similares do mercado

“Fazemos todo o trabalho e não cobramos por isso. A gente olha pra um lugar do mercado menos competitivo. São emissões de R$ 50/R$ 150 milhões. Os bancos prestam atenção para operações maiores”, disse Ferreira. 

Em relação à expectativa para a estréia do fundo na Bolsa, Ferreira afirmou que tem percebido um grande interesse dos investidores em ter uma exposição maior nesse tipo de produto.

“A gente percebe que tem um interesse grande dos investidores no fundo. Vamos saber se isso vai acontecer a partir de amanhã. O fundo vai continuar fazendo seu trabalho de diversificação e acho que existe uma demanda boa. O desafio para o investidor, principalmente pessoa física, é que esse tipo de debêntures que temos aqui no fundo são um risco de projeto, só nós temos. Nós conhecemos os projetos, fazemos a modelagem financeira, estudamos ‘na vírgula’. Mas é mais difícil para o investidor pessoa física ter acesso e entender”, disse o gestor. 

BODB11 é parte de algo maior

Ferreira conta que está no mercado financeiro há 25 anos e teve uma grande experiência em outros cases, ainda antes do Santander Asset, relacionados ao setor de infraestrutura. 

“Estive muito envolvido com o setor de energias renováveis. Em particular, estive envolvido na criação da Omega Energia, que vale alguns bilhões de reais hoje. Como presidente do Conselho da Omega, aprendi bastante sobre o mundo das renováveis. Aprendi bastante sobre infraestrutura em geral. Depois, fui CEO da Santander Asset e montei a divisão de infraestrutura por lá”, contou o gestor. 

Segundo o executivo, o setor de infraestrutura, assim como outros setores alternativos, é uma “matéria prima muito boa”. Isso porque ele pode ser um ativo que protege o seu bolso da inflação e, ao mesmo tempo, gerar um retorno eficiente. 

“Quando a gente montou a Bocaina, pensamos em criar produtos que tivessem duas características. A primeira: proteção contra a inflação e a segunda yields resilientes, ou seja, uma renda resiliente”, disse.

Ferreira também contou que Gabriel Esteca, sócio na Bocaina, tem experiência de 15 anos financiando projetos de infraestrutura no mercado, o que ajudou a tirar o negócio do papel com uma rapidez e eficiência ainda maiores. 

“Ele vem dessa escola de infra dentro do banco Santander, que é o líder dessa prática no Brasil há duas décadas. Ele ganhou experiência financiando quase todos os ativos dentro da infraestrutura, como: rodovias, saneamento, mobilidade urbana, linhas de transmissão, geração de energia, etc. O Gabriel ganhou muita experiência dentro dessa classe e, em 2020, decidimos montar a Bocaina”, afirmou.

O gargalo enxergado pelos sócios foi de que, além de ser algo de domínio dos dois, o setor de infraestrutura é menos natural para o mercado. Isso significa que eles teriam uma concorrência menor.

“Infraestrutura é um ‘local’ técnico e que precisa de bastante experiência para entender as características. Ou seja, temos menor concorrência, é menos competitivo, ao mesmo tempo os ativos de infraestrutura são ativos que envolvem contratos de longo prazo e que são corrigidos pela inflação e tem um histórico de respeito aos contratos no Brasil. Além disso, os marcos regulatórios foram dando cada vez mais segurança jurídica para a infraestrutura”, explicou. 

“Quando você entra e investe em um parque de geração eólica, geralmente, você vende energia por 15/20 anos. Essa venda consiste em contratos corrigidos pela inflação e tem um risco de crédito muito bom, porque ou você vende pro governo ou você faz um contrato de energia bilateral com uma grande companhia”, complementou Ferreira, falando sobre a segurança dos ativos. 

Sobre as perspectivas para 2022, Ferreira destacou que pretende ver o fundo crescendo já no curto prazo. “A minha visão é muito positiva para os próximos passos desse fundo. A expectativa é que a gestora siga crescendo bastante nos próximos 12 meses e sempre atuando desde as debêntures até dívidas high yield, que é para investidores profissionais”, disse. 

Segundo ele, a gestora que lançou o BODB11 também está procurando oportunidades no setor de saneamento e geração distribuída. “É possível que a gestora apareça envolvida em processos, concessões, nesses dois projetos”, finalizou.