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Criptomoedas: entrada de grandes plataformas no mercado não deve alterar preços

Em julho, grandes bancos com XP e Nubank anunciaram suas próprias plataformas de compra e venda de ativos digitais

As criptomoedas têm conquistado os corações dos brasileiros. Existem mais de dez milhões de investidores de criptomoedas no País, segundo a consultoria norte-americano Triple-A. Em termos absolutos, o Brasil é o quinto país do mundo em número de investidores de cripto. Com isso, muitas corretoras e bancos estão lançando suas próprias plataformas de compra e venda de criptomoedas, com a finalidade de aproveitar a nova onda do momento. 

Para especialistas ouvidos pelo BP Money, porém, a entrada dos novos players dificilmente poderá fazer com que o preço dos ativos mude no curto prazo.

Segundo Fábio Leger, CEO da iCertus, o impacto inicial das novas plataformas cripto no preço dos ativos digitais é praticamente nulo, por ser o início desse movimento. Apesar disso, ele reitera que elas podem causar oscilações no valor das criptomoedas no futuro.

“O volume ainda é pouco para impactar no preço das cripto, mas com a crescente adesão, acredito sim, que o preço das criptos podem ser afetadas por esse movimento”, disse.

Gabriel Komatu, sócio da Komatu, gestora de recursos e investimentos acredita que, por conta do público-alvo, essas plataformas não irão interferir nos preços das criptomoedas.

“É bem provável que não. Como a maioria é voltada para o público de varejo, eles não têm volume o bastante para causar oscilações no mercado cripto”, explicou.

Luiz Pedro Andrade, analista de criptoativos da Nord Research compartilha da mesma visão de Komatu. “Eu não acredito que haja impacto no preço. Acho muito difícil que o volume financeiro do Brasil, com o nosso câmbio tão desfavorável, consiga movimentar um mercado de liquidez global, onde pessoas com moedas mais fortes negociam volumes mais altos”, afirmou. 

Plataformas diversificam para o varejo

Em 19 de julho, o Nubank (NUBR33) anunciou o lançamento do Nubank Cripto. O novo recurso permitiu a negociação de criptomoedas por meio do aplicativo do banco. Na época, a fintech afirmou que o lançamento tinha a finalidade de facilitar o acesso ao mercado de criptoativos.

Uma semana depois, em 26 de julho, o banco digital anunciou que atingiu um milhão de clientes no Brasil em sua plataforma de criptomoedas. Resultado que era esperado apenas para o final e surpreendendo mais ainda por conta das quedas abruptas das criptomoedas em 2022.

Em 24 de julho, a corretora de investimentos XP Inc (XPBR31) anunciou a Xtage, sua plataforma de negociação de criptoativos para clientes, com lançamento previsto para agosto. A  plataforma irá oferecer inicialmente bitcoin (BTC) e ether (ETH).

Além do Nubank e XP, outras empresas como 99Pay, Mercado Pago e BTG Pactual já atuam no setor dos criptoativos.

Entrada no mercado de criptomoedas é positiva, relatam analistas

De acordo com Fábio Leger, CEO da iCertus, plataforma de recebíveis, e especialista em finanças, os bancos optaram por investir no mercado de ativos digitais para oferecerem algo a mais para seus clientes.

“Realmente muitas corretoras e bancos estão lançando plataformas para negociação de criptomoedas. É mais uma fonte de renda para as plataformas e também um atrativo a mais para seus clientes”, afirmou.

Leger ainda vê como positivo a entrada destas empresas no mercado de criptoativos, visto que o número de brasileiros que investem é baixo. O especialista em finanças acredita que tal medida pode popularizar tal prática.

“Atualmente no Brasil menos de 1% da população investe. As iniciativas dessas plataformas popularizam o investimento em cripto e só fazem bem ao mercado”, relatou.

Segundo Gabriel Komatu, sócio da Komatu, gestora de recursos e investimentos, muitas corretoras e bancos entraram no ramo para oferecer um melhor atendimento aos seus clientes, visto que muitos querem investir no mercado de criptomoedas.

“O maior interesse delas é sempre atender melhor o cliente. Como muita gente tem interesse em comprar crypto, os bancos e corretoras estão criando métodos de dar acesso aos clientes que querem negociar”, explicou.

“Assim, elas ganham com tarifas de intermediação e com a prestação de serviços”, completou Komatu.

Já Luiz Pedro Andrade, analista de criptoativos da Nord Research, acredita que há uma grande quantidade de pessoas querendo investir no universo cripto, mas que não confiam em plataformas específicas para isso. Assim, os bancos e corretoras podem se beneficiar desse cenário.

“O grande interesse em lançar produtos ou formas de negociação de cripto é justamente o interesse do cliente neste tipo de ativo, mas que não se sente seguro em investir em plataformas independentes de cripto. Dentro do banco, o cliente acaba sendo atraído com mais facilidade, logo a instituição ganha com a cobrança de taxas”, afirmou.

Essas plataformas novas podem prejudicar as velhas?

De acordo com Komatu, as plataformas independentes já estão sofrendo com a entrada de grandes bancos e corretoras no mundo cripto, mas acredita que elas podem tirar proveito disso.

“Podem perder espaço e eu acredito que já estão, porém é uma super oportunidade para elas se colocarem como plataformas nativas”, argumentou.

Ao contrário de Komatu, Andrade não acredita que as corretoras independentes de criptomoedas sejam impactadas, visto que o indivíduo que já investe no mundo cripto, conhece bem essas plataformas.

“Quem já investiu nestas plataformas, não vai comprar criptomoedas pelos bancos, pois tem algumas desvantagens: taxas praticadas pelos bancos, o preço praticado pelo ativo, que não é tão transparente, e você não pode sacar seus ativos digitais, algo que é contra a filosofia das criptomoedas”, explicou.