XP coordena venda do Cruzeiro e planeja ampliar clubes-empresa

Com a venda do Cruzeiro EC, a equipe mineira se tornou o primeiro clube a adotar a organização SAF no Brasil

O head de Investimentos da XP Inc., Pedro Mesquita, possui planos para ampliar os clubes-empresa no Brasil. O primeiro passo da corretora foi conduzir a venda de 90% do time mineiro Cruzeiro Esporte Clube ao ex-jogador Ronaldo Fenômeno, que foi revelado na Toca da Raposa, por R$ 400 milhões, sendo o primeiro clube a adotar o sistema de Sociedade Anônima de Futebol (SAF) no Brasil. 

Mesquita afirmou que o processo de venda do Cruzeiro já vinha sendo encaminhado de forma “positiva”. O head da XP explicou que foi o responsável por procurar Ronaldo, que também é dono do Real Valladolid (Espanha), para negociar o clube mineiro.

“Ronaldo estava em Madrid, eu liguei para ele e ofereci. Ele questionou ‘tem jeito?’ Eu expliquei como funcionaria a operação. E ele sempre demonstrou um interesse muito grande. De todas as outras propostas que recebemos, foi a melhor proposta disparado e tudo, além de ser o cara mais interessado. Ronaldo também está com uma estrutura no Valladolid, ele enxerga uma sinergia muito grande. E  olha como são as coisas: o mascote do clube espanhol também é um raposa”, disse Mesquita

Os outros planos da XP

A XP também é parceira do Botafogo Futebol e Regatas, do Rio de Janeiro. Após a venda do Cruzeiro a Ronaldo, o CEO do banco XP, José Berenguer, afirmou que o clube carioca está próximo de anunciar um novo investidor. Inclusive, a instituição já realizou mudança do estatuto, assim como o Cruzeiro, para poder aportar o sistema SAF

“Não tenho dúvida de que começamos hoje a transformar a história do futebol nacional. O Cruzeiro é só o primeiro. Muitas outras negociações semelhantes envolvendo os clubes brasileiros estão por vir. O Botafogo será o próximo, também assessorado pelo nosso Investment Banking”, disse Berenguer em publicação no LinkedIn.

Outros clubes-empresa

Na série A do campeonato brasileiro deste ano, apenas times clubes contavam com o modelo de clube-empresa, o Cuiabá (MT) e o Red Bull Bragantino (SP), mas possuem um sistema diferente do SAF.

No time da Bragança Paulista, a companhia de energéticos realizou investimento de R$ 50 milhões para a compra do clube, adquirindo todos os títulos de sócios. Em relação ao Cuiabá, a família Dresch, controladores do Grupo Dresch, compraram o clube por um custo “irrelevante”, de acordo com Manoel Dresch, o maior investidor da equipe de Mato Grosso.

Em 2022, outros clubes que disputarão a série A como o Athletico Paranaense (PR), Atlético Goianiense (GO), América Mineiro (MG), Juventude (RS) e Coritiba (PR). possuem planos para aderir o modelo de empresa.

A mudança na legislação

A Lei do Clube-Empresa, na qual regulamenta o modelo no Brasil, foi sancionada em agosto pelo presidente Jair Bolsonaro. Ela permite às agremiações transferir o futebol para sociedades anônimas (os SAFs), que nascem zeradas de dívidas e podem ter suas ações vendidas. No entanto, 20% das receitas das SAFs são direcionadas para o pagamento do que os clubes devem.

A adesão ao modelo permite ainda às associações tradicionais entrarem num plano que facilita a quitação de seus passivos. É o Regime Centralizado de Execuções, que agrupa e ordena o pagamento de dívidas trabalhistas e cíveis em um período entre seis e dez anos.