TC fecha acordo de aquisição da Pandhora Investimentos

O valor máximo da operação será de R$ 15 milhões, com possibilidade de ajustes com base em metas do TC

O TradersClub (TC) (TRAD3), uma plataforma de educação financeira, análise de dados e inteligência do mercado de capitais, informou que fechou um acordo com a Pandhora Investimentos, gestora de fundos multiestratégia quantitativos com cerca de R$ 350 milhões em ativos sob gestão, para a aquisição direta de cotas da empresa. 

O valor máximo da operação será de R$ 15 milhões, com possibilidade de ajustes com base em metas. Poderá ser pago por meio de ações ordinárias ou transferência de recursos e, para a conclusão do processo, é necessária a verificação de condições precedentes, segundo o TC. 

O acordo ajudará a Pandhora a ter mais força de distribuição e a mais investimentos no futuro, porém a empresa continuaria independente. Para o TC, o acordo virá como uma estratégia para complementar o seu negócio de Wealth Management, criado em fevereiro e que está sob a liderança de Fabio Levy.

“A Pandhora virá completar o ecossistema do TC com a oferta de novos produtos para a nossa base de clientes, movimento reforçado também pela entrada do TC no segmento de wealth management (gestão patrimonial) e pelo desenvolvimento de sua própria corretora. Essa nova aquisição representará ainda uma fonte adicional de receita recorrente para a companhia”, afirma o diretor de Relações com Investidores e M&A do TC, Pedro Machado, em comunicado.

Porém, segundo o CEO da TC Investimentos e responsável pela estruturação das operações da companhia como corretora e gestora, Pedro Henrique Feres, a Pandhora terá uma atuação diferente do wealth management:

“A adquirida atuará com uma gestão ativa mais acessível, para atender o público de varejo, com aplicações a partir de R$500. Esse é apenas o pontapé inicial da nossa oferta de gestão de fundos abertos para o público. Começamos com o quantitativo, mas o objetivo é evoluir para uma gestora completa, com diversas estratégias”, explica. 

Relembre o conflito entre o TC e a Empiricus

Recentemente, o TC, que se classifica como “a maior comunidade de investidores na América Latina”, travou uma briga nos bastidores com a Empiricus – de Felipe Miranda, a qual ocorrore desde meados de outubro do ano passado. 

A empresa abriu capital na bolsa de valores de São Paulo (B3) há um ano. O TC viu os seus papéis subirem 35,26% na sua estreia, no dia 28 de julho de 2021, com as ações alcançando o patamar de R$ 12,85. Pouco depois de sua estreia, entretanto, a companhia começou a sofrer na bolsa. No acumulado dos últimos 12 meses, as ações do TC tiveram queda de 65% e, atualmente, estão cotadas a R$ 4,34. 

Um dos motivos que impulsionou essa queda foi a indicação de short (estratégia que consiste na venda de uma ação que você não possui em carteira) da Empiricus para os seus clientes em relação aos papéis do TC. Ou seja, a casa de análise apostou na queda da ação. 

Em um relatório destinado aos seus clientes, divulgado no dia 26 de outubro de 2021, a Empiricus listou “10 motivos para shortear TRAD3”. Entre os motivos para tal indicação, a casa de análises destacou fatores como valuation exagerado, pouca diversificação de receita e falta de inovação no negócio.

Em entrevista a um podcast que foi ao ar no YouTube, há cerca de um mês, Felipe Miranda voltou a citar o “valuation exagerado” do TC.

“Eu acho que a ação é muito cara perante o que estão entregando. A empresa tem caído nos resultados. Caiu 10% a receita, o custo aumentou, tem Ebitda negativo, tem uma margem líquida negativa de 50%, então eu acho a ação extremamente cara. E não é difícil, é bem fácil de ver. É uma aberração o preço da ação”, disse Miranda em entrevista. 

“A Modal fez uma receita trimestral de R$ 222 milhões. Vale na bolsa R$ 1,9 bilhão. Traders Club fez uma receita de R$ 25 milhões, quase um décimo do Modal. Vale na bolsa R$ 1,9 bilhão. Ou seja, ela vale o mesmo que o Modal e o Modal fatura 10 vezes mais. Então é muito caro. Está absolutamente fora de qualquer realidade. Então por isso não acho que deva se comprar essas ações”, complementou. 

A Empiricus também citou, em 2021, que o TC seria uma ‘fake tech’, ou seja, só se passaria por uma companhia de tecnologia. No pregão que sucedeu a publicação do relatório da Empiricus sobre a indicação de short para as ações da plataforma para investidores, os papéis caíram 10,17%.

O relatório com recomendação de short para as ações do TC fizeram a plataforma de investimentos entrar com uma tutela cautelar na Justiça contra a Empiricus. 

A Empiricus também já atacou o TC em relação a governança da empresa. Segundo a casa de análises, Rafael Ferri e Pedro Albuquerque (diretores da empresa) poderiam ferir leis regulatórias por terem atuado no mercado financeiro como trader profissional e gestor de fundos, respectivamente.