Filho de "Buffett brasileiro", Luiz Barsi Neto vê criptomoedas como “negócio para o futuro”

Em entrevista ao BP Money, o investidor e sócio fundador da MMBarsi explicou que o mercado cripto no Brasil ainda precisa de regulamentação para funcionar melhor

Filho do maior investidor brasileiro da bolsa de valores, Luiz Barsi Neto sempre seguiu os passos e conselhos de seu pai. Nos últimos anos, entretanto, Neto passou a enxergar um mercado subestimado por Barsi Filho como uma oportunidade para o futuro. Segundo o investidor, entre 2008 e 2020 ele não analisava e nem tinha opinião sobre criptomoedas, mas isso mudou recentemente. Hoje, Barsi Neto considera o mercado cripto como “um negócio para o futuro”. 

“Ouvi falar em criptomoeda em 2008 e, até então, era uma novidade para todo mundo. Até 2020 não tinha nenhum tipo de opinião ou análise sobre criptomoeda. Em 2021, meu filho estava fazendo um MBA e uma das aulas dele era sobre blockchain, e eu assisti essa aula umas três ou quatro vezes e entendi um pouco do blockchain e, em uma linguagem mais fácil, entendi que são como se fosse uma planilha de débito e crédito”, disse Barsi Neto. 

A partir deste momento, o investidor passou a enxergar o mercado de criptomoedas como “um modelo de transferência de recursos descentralizado”. “Acredito que isso pode ser um negócio para o futuro mesmo, haja vista que já existem diversas moedas no mercado, algumas muito populares e outras menos”, afirmou Neto.

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Perguntado sobre os seus investimentos em criptomoedas, Barsi Neto revelou que não investe nos ativos diretamente. “Eu não invisto em criptomoedas diretamente, mas compro através de ETFs aqui na B3, desde o ano passado”, disse o investidor.

Luiz Barsi Filho, pai de Barsi Neto, é considerado o maior investidor individual da bolsa brasileira de todos os tempos. Sua fortuna é estimada em R$ 2 bilhões, segundo recentes dados divulgados pela Forbes. Barsi Filho sempre explorou ações de longo prazo, com foco nos dividendos e, até por isso, é considerado o “Warren Buffett brasileiro”.

Barsi Filho disse, recentemente, em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, que investir em criptomoedas é “uma fantasia” e que “quem investe vai perder”. Seu filho, entretanto, discorda desta fala. 

“Tudo que meu pai faz, eu concordo plenamente, mas existem hoje outros investimentos que a gente tem que olhar para ter uma opinião e passar para os clientes também. Existem bastante barreiras em relação aos investimentos em criptomoedas no Brasil, mas a tendência é se popularizar. Precisa regulamentar o mercado cripto. Enquanto não regulamentar esse tipo de investimento, isso ainda pode complicar um pouco, porque não tem muita plataforma brasileira onde até possa passar mais segurança para os investidores”, disse Barsi Neto ao BP Money. 

As grandes corretoras de criptomoedas no Brasil são estrangeiras. Para Barsi Neto, a expansão do mercado de cripto não significa uma concorrência para o mercado financeiro tradicional. 

“Eu não vejo o mercado cripto como concorrência. Todos os mercados, seja de qual for a natureza, sempre vai ter investidores. Tem os conservadores, moderados, agressivos. No mercado sempre vai ter mercado para todos”, disse o investidor. 

O que o filho do maior investidor brasileiro olha antes de comprar uma ação

Que Luiz Barsi Filho considera o dividend yield um dos principais indicadores para analisar uma ação, o mercado já está cansado de saber, mas e Barsi Neto? O filho do megainvestidor brasileiro concorda com todos os métodos de análise de seu pai. Barsi Neto considera o valor de patrimônio de uma empresa como o principal indicador e também estuda o posicionamento da empresa perante seus concorrentes do mesmo setor.

“Normalmente é o valor de patrimônio, depois vejo se está em uma condição boa perante seus pares e se bem paga os dividendos. Às vezes, ela pode não ser boa pagadora de dividendos, mas é uma empresa que vai aumentar o seu valor. Mas o principal é o valor patrimonial”, destacou Barsi Neto.

O investidor também explicou o motivo de não entrar mais em IPOs (oferta pública inicial de ações).

“Uma empresa de capital fechado não tem uma chancela do mercado em relação a governança corporativa. A gente precisa conhecer o histórico da empresa. Desde que começou a época de alguns IPOs, muito lá atrás, nós participamos, mas depois de algumas experiências negativas nunca mais investimos. Nós gostamos de saber o histórico da empresa na bolsa. Podemos até pagar mais caro depois, mas entrando algum tempo depois do IPO já sabemos o histórico dela na bolsa”, explicou Neto. 

Segundo o investidor, as empresas quando abrem capital vão ao mercado com valores muito acima do que valem. Isso acontece porque, segundo ele, quando a empresa está se preparando para abrir capital ela quer “vender bem”. 

“Na minha visão, muitas empresas vão com um ‘valor sentimental’ para a bolsa e não o valor real. Então os fundos que estão dando saída dos investimentos que eles fizeram de private equity, lá atrás, querem sair ganhando dinheiro, então eles vêm e precificam alto. na visão deles a empresa tem aquele valor e eles vêm ao mercado assim. Como você não tem o histórico, você acaba comprando e depois vai descobrir que você pagou muito caro. Com raríssimas exceções uma empresa veio com valor de patrimônio. Das empresas que realizaram IPO recentemente, se a memória não me falhar, nenhuma está positiva”, concluiu Luiz Barsi Neto.