Hurb pode ver rival CVC (CVCB3) se beneficiar de crise

A CVC pode ocupar o espaço deixado pela rival Hurb e melhorar seus números em 2023

Apesar de surpreender o mercado por conta da série de trocas promovidas em sua diretoria, a CVC (CVCB3) pode ocupar o espaço deixado pela rival Hurb e melhorar seus números em 2023. As duas empresas do setor de turismo passam por turbulências, mas devem ter resultados distintos ao longo do ano, segundo especialistas ouvidos pela BP Money. 

A Hurb vem sendo alvo de uma série de processos e reclamações de clientes que se dizem vítimas de golpe da empresa, que teria cancelado viagens mesmo após o pagamento de pacotes. 

Na outra ponta, desde a última quinta-feira (25), quando anunciou a saída do CEO Leonel Dias de Andrade Neto, as ações da CVC na bolsa têm oscilado bastante. Naquele dia as ações caíram 4,63%. Já na sexta (26) dispararam 11,19% e na segunda (29) se mantiveram em alta, com 3,36% de valorização. Na terça (30), voltaram a oscilar para baixo com queda de 4,19%, a segunda maior do dia na bolsa. Porém, no último pregão do mês, nesta quarta (31), a CVC liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 12,08%.

“Sendo concorrente direta da CVC, a crise de imagem e insegurança dos rumos da Hurb, levarão os consumidores a buscar outras agências de viagem com maior credibilidade e segurança na prestação dos serviços do pacote de viagem”, avalia o especialista da área de Recuperação de Crédito e Insolvência, o advogado Brenno Mussolin Nogueira.

Para o analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, Vitorio Galindo, o futuro da CVC é bastante promissor também por conta da provável melhora no cenário macroeconômico do Brasil. 

“Com a perspectiva de queda nos juros com a desaceleração do IPCA, muitos papéis ligados ao consumo foram impulsionados recentemente. A CVC também deve se beneficiar. Essa queda de juros é benéfica no operacional, apesar da troca de governança. A médio e longo prazo, o problema de governança pode atrapalhar. Mas, pelo menos no curto prazo, a queda de juros pode ajudar bastante”, disse o especialista.

Galindo acredita que o sobe e desce das ações foi motivado pelas alterações na área executiva da empresa. “O CEO comentou que estava cansado. É até melhor para a companhia encontrar uma pessoa mais motivada e disposta. Na minha visão, as ações reagiram muito mal, pois o mercado não esperava pela saída do CEO e CFO”, opinou.

Crise na Hurb

A crise na Hurb explodiu depois que o ex-CEO João Ricardo Mendes, publicou um vídeo nas redes sociais em abril, debochando de reclamações de clientes que afirmavam que foram vítimas de um golpe da empresa. Para piorar a situação, Mendes ainda vazou dados de um cliente em grupo com mais de mil pessoas no Whatsapp.

Depois disso, foi ladeira abaixo. Depois de muita confusão, a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) acionou a companhia e na última segunda-feira (29), deu um duro golpe na Hurb, a proibindo de vender pacotes de viagens flexíveis, o principal produto da empresa. 

Além disso, se não bastasse os processos e multas que se acumulam vindos de clientes e donos de hotéis, a Latam entrou na Justiça para cobrar dívida de mais de R$ 13 milhões. 

Mesmo com a grave crise, Mariana  Resende Alves, especialista em Recuperação de Crédito e Insolvência, aponta uma saída para a Hurb. “Em medidas legais, poderá a Hurb se socorrer ao benefício da Lei nº 11.101/05, com o objetivo de reestruturação da empresa visando a suspensão das execuções e obrigações como meio de viabilizar um fôlego ao fluxo de caixa e planejamento da restruturação da empresa. Além do mais, a Hurb pode, também, buscar recursos no mercado a fim de capitalizar a empresa para manutenção do fluxo de caixa e cumprimento de suas obrigações”, sugeriu. 

Mariana alerta que o problema enfrentado pela Hurb pode afetar outros agentes, e provocar eventos em cadeia capazes de prejudicar todo o setor de turismo. “A crise acometida na Hurb poderá acarretar efeito cascata, pois o descumprimento das obrigações pela empresa, por certo, afetarão o fluxo de caixa de outros agentes do setor, como por exemplo, hotéis, pousadas, agências de turismo local, por não realizar reservas e/ou repassar os recursos dos clientes aos prestadores de serviços. Além do mais, poderá trazer altos prejuízos aos agentes do setor, pois, pela cadeia de consumo, tais agentes do setor poderão ser acionados em virtude dos danos sofridos  pelos consumidores em responsabilidade solidária”, pontuou.