Exclusivo: Coesa compra KPE Engenharia, antiga OAS

A Coesa também já fez parte do Grupo OAS

A Coesa realizou a compra da KPE Engenharia, antiga OAS. O BP Money havia antecipado, no mês passado, a venda da construtora, mas o nome dos novos donos não havia sido revelado. O detalhe é que a nova dona também já fez parte da antiga empreiteira. 

Na época, a reportagem também apurou que a Kpe Engenharia havia demitido todo o seu staff, além de ter atrasado mais de  três meses de salários, assim como também não ter realizado pagamentos aos seus fornecedores. 

Segundo o colunista Lauro Jardim, do “O Globo”, os novos donos adquiriram a construtora a custo zero. No entanto, eles herdarão as dívidas da empresa. De acordo com ele, já em agosto, vencerá um débito de R$ 42 milhões.

Coesa já foi da OAS

A empresa de engenharia já fez parte do Grupo OAS. Porém, desde 2021, foi incorporada a um fundo de investimentos. A compra da KPE Engenharia foi realizada por Fábio Omine e por José Maria Magalhães de Azevedo, CEO (diretor-presidente) da Coesa. 

Em novembro de 2022, O governo de Minas Gerais, por meio da Controladoria-Geral do Estado (CGE) e da Advocacia-Geral do Estado (AGE), assinou um acordo de leniência com a Coesa por fraudes na construção da Cidade Administrativa e em obras da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), entre 2008 e 2010. A empresa vai pagar R$ 42,7 milhões em 19 anos.

De acordo com o governo de Minas, foram dois anos e meio de tratativas, em negociação conjunta com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A própria construtora procurou as autoridades e apresentou provas dos atos lesivos – as fraudes não foram detalhadas pelo estado, que impôs sigilo a alguns termos do acordo.

O acordo de leniência, previsto na Lei Anticorrupção, prevê a isenção de sanções e a redução de multas caso a empresa admita participação na prática de atos ilícitos e lesivos à administração pública e coopere efetivamente com as investigações e com o processo administrativo.

Coesa e o plano de recuperação judicial

Também no ano passado, a companhia aprovou seu plano de recuperação judicial, em assembleia geral de credores. A companhia tem R$ 5,5 bilhões em dívidas incluídas no processo reestruturação, segundo o “Valor Econômico”.

O plano prevê o pagamento dos créditos por meio da geração de caixa da construtora e pelo recebimento de indenizações referentes a arbitragens herdadas da OAS.

A empresa tem disputas relacionadas a três projetos, que no passado foram rescindidos: o Rodoanel de São Paulo; a Refinaria Abreu e Lima (PE), da Petrobras; e um projeto rodoviário em Trinidade e Tobago.

A expectativa é arrecadar até R$ 2,6 bilhões com os processos, dos quais 90% deverão ser destinados ao pagamento de dívidas.

A maior parte dos créditos da recuperação judicial está com os credores quirografários, que detém R$ 4,5 bilhões. Para essa categoria, há três propostas. Para créditos até R$ 10 mil, a quitação será em parcela única, no primeiro aniversário da homologação do plano.

Para os demais, a proposta é fazer o pagamento ao longo de 25 anos. Outra opção é receber em até dez anos, com um corte de 80% no valor da dívida – porém, a depender do resultado das arbitragens, a parcela paga poderá subir do patamar mínimo de 20% para até 45% do valor total.