CEO da Syngenta enxerga oportunidades de exportação do agronegócio brasileiro para a China

Em entrevista à “Agência Estado”, Erik Fyrwald, líder do conglomerado de sementes e produtos químicos, explica por que não vê ameaças nos avanços na agricultura chinesa ao Brasil e fala sobre os planos de IPO da companhia

Erik Fyrwald, CEO global do conglomerado de sementes e químicos para o agronegócio Syngenta, descarta ameaças às exportações brasileiras diante dos avanços da agricultura chinesa. Em entrevista à “Agência Estado”, o executivo enfatiza que a China é um grande importador de produtos agrícolas, já que não tem área de cultivo suficiente para atender a demanda de toda sua população.

Líder da multinacional que faturou US$ 28,2 bilhões em 2021 e tem o Brasil como mercado prioritário, por ser o seu maior consumidor de defensivos agrícolas e sementes, Fyrwald tem ainda pela frente o desafio de conduzir o processo de abertura de capital do grupo Syngenta na Bolsa de Xangai, previsto para este ano.

O conglomerado é formado pelas divisões de Proteção de Cultivos, Sementes, Adama e Grupo China. Por isso, neste momento, Fyrwald tem missão tripla: além de traçar o caminho para o IPO, a multinacional trabalha para aumentar a produção agrícola na China – de onde é sua controladora, a ChemChina -, e continuar elevando a produção no Brasil. 

Na entrevista exclusiva à “Agência Estado”, Fyrwald explica que sua missão de transformar a agricultura no país asiático é parte de uma plano para apresentar soluções às mudanças climáticas e oferecer comida de melhor qualidade e segura aos mercados. A ChemChina, que controla a Syngenta, é uma gigante estatal chinesa.

O executivo aponta que o País tem 7% da área agricultável do mundo e 20% da população. “Mas a China não pode alimentar a si mesma porque não tem área suficiente, sempre será importadora de produtos agrícolas. Por isso também é muito importante para nossos controladores que continuemos desenvolvendo a agricultura brasileira, porque o Brasil é um parceiro estratégico para a China”, disse. 

O CEO global da Syngenta indica ainda que o mercado chinês é muito fragmentado, e a atuação da companhia na região é importante para consolidar o setor. Questionado pela reportagem, Fyrwald indica ainda que o maior ganho de produtividade na China virá do milho, “porque o governo chinês decidiu plantar milho transgênico”. 

A perspectiva do grupo é ter em média 20% de aumento do rendimento da agricultura do milho na China nos próximos anos. “Também continuaremos buscando elevar a produtividade do arroz na China, uma importante cultura para eles. Além disso, os consumidores chineses estão ficando mais exigentes e com isso o mercado de frutas e vegetais está crescendo muito”, afirmou.

Oportunidades de exportação para o agronegócio brasileiro  

Com a sofisticação do consumidor chinês, Fyrwald explica que o mercado da China tem demanda por uma soja produzida de forma mais sustentável. “Por isso criamos um sistema pelo qual trabalhamos diretamente com importadores na China, que querem que trabalhemos com produtores aqui no Brasil para assegurar que a soja tenha alta qualidade, produção sustentável e se encaixe no mercado chinês”, contou à repórter Clarice Couto. 

O executivo vê ainda espaço para crescimento das importações chinesas de soja e as exportações brasileiras da oleaginosa para a China. E mesmo com o incremento da produção de milho no País, Fyrwald ainda enxerga oportunidades para aumentar a exportação do milho brasileiro para a China. “O mercado chinês do grão vem crescendo, para alimentação humana e ração, e a China traçou um plano para expandir a produção de etanol de milho. Mesmo que a produtividade chinesa de milho venha a crescer nos próximos anos, a demanda ultrapassará a produção”.

Executivo busca fazer o IPO da Syngenta na Bolsa de Xangai ainda neste ano

Fyrwald projeta fazer a abertura de capital da Syngenta na Bolsa de Xangai ainda neste ano e espera captar US$ 10 bilhões na operação. Os recursos devem ser direcionados para expandir as capacidades da multinacional em pesquisa, na operação comercial e de produção e aquisições. Mas o executivo defende que o banço da companhia já é bem estruturado. 

“Esse IPO é muito mais sobre ter uma diversidade de investidores a fim de continuar sendo uma empresa global”, disse o CEO global da Syngenta em entrevista à “Agência Estado”.