Banco Inter (BIDI11) solicita registro de emissor estrangeiro para reorganização societária

Inter ressalta que o registro não é condição necessária para efetivar a migração à Nasdaq

O Banco Inter (BIDI11) protocolou a solicitação de registros de emissor estrangeiro e de programa de BDRs Nível II da Inter&Co. O pedido, destinado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e B3 na última quarta-feira (20), ocorre no contexto da reorganização societária da companhia.

O plano de reorganização do Banco Inter (BIDI11)  prevê a migração da base acionária do Banco Inter para a Inter & Co, Inc., com a listagem de suas ações na bolsa americana Nasdaq.

Inicialmente, também estava prevista a negociação, na B3, de certificados de depósito de valores mobiliários (BDRs) Nível I lastreados em Class A Shares de emissão da Inter&Co.

“Uma vez, e caso deferido o registro de programa de BDRs Nível II pela CVM e B3, os BDRs Nível I serão automaticamente substituídos por BDRs Nível II”, afirma o banco, em comunicado.

Os BDRs nível I são dispensados do registro de companhia na CVM. Eles são negociados apenas em mercados de balcão não organizado, em segmentos específicos em mercados de balcão organizado, ou bolsa de valores.

Por sua vez, os BDRs níveis II e III devem ter registro da companhia emissora na CVM e são admitidos à negociação em mercados de balcão organizado ou bolsa de valores.

O Banco Inter (BIDI11) ressalta, em comunicado enviado à CVM, que tais registros não se tratam de condição necessária para efetivar a reorganização societária, caso venha a ser aprovada pelos acionistas em assembleia geral extraordinária (AGE), prevista para o dia 12 de maio.

Banco Inter retoma processo de migração para a Nasdaq

Essa é a segunda tentativa do Banco Inter (BIDI 11) de promover a mudança da listagem da B3 para a Nasdaq, já que em dezembro do ano passado o número de investidores que preferiram ser restituídos em dinheiro superou o teto de R$ 2 bilhões que a companhia havia imposto.

“Pensando a longo prazo, a ideia (de levar o Inter à Nasdaq) é ter acesso a uma nova base de investidores. Lá fora, a gente precisa reconhecer que, no geral, são investidores mais sofisticados, que estão mais familiarizados com empresas de tecnologia, que é o caso do Inter”, afirmou João Arthur, CIO da Suno Wealth.

Apesar de parecer um bom negócio para os bancos, devido aos ganhos em operações de mercado (com um maior spread em operações de crédito), a alta de juros tem um impacto maior para as companhias que possuem fluxo de caixa de longo prazo (como é o caso do Banco Inter). Por isso, segundo Arthur, a transição para o mercado norte-americano deverá ser um grande desafio para a empresa.

“O banco tentou fazer esse movimento (de ida à bolsa dos EUA), e não conseguiu. Agora, eles devem vir mais estruturados. Outro desafio é fazer isso em um momento de volatilidade dos mercados e de alta de juros nos EUA, que prejudica principalmente esse tipo de empresa, mais focada em crescimento, que tem seu resultado mais a frente”, disse o analista.

Mesmo com uma base de clientes grande no Brasil, o setor de atuação do Inter no mercado  está acirrado. Isso porque os bancos tradicionais estão disputando a mesma base de clientes com os bancos da nova era, como o Nubank e o Banco Inter (BIDI11). 

“Além do desafio do crescimento, tem o desafio da monetização. Não basta você crescer, ainda mais com essa alta de juros, e com o crescimento perdendo um pouco de tração, o mercado começa a questionar cada vez mais quando é que vai vir e como vai vir a monetização desses clientes”, disse Arthur sobre o Banco Inter (BIDI11).