O que fez Magazine Luiza (MGLU3) e B2W (AMER3) subirem forte?

Varejistas lideraram as altas da bolsa; analistas explicam movimento que animou o setor

As varejistas da bolsa de valores de São Paulo (B3) lideraram as altas do Ibovespa na segunda-feira (15). A B2W (AMER3) fechou o pregão em alta de 18,29%, enquanto Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) subiram 14,47% e 12,85%, respectivamente. De acordo com especialistas, os motivos seriam a projeção de uma queda para a inflação para 2022 e 2023 e, consequentemente, o corte no ciclo de alta de juros.

“A explicação mais importante é a queda da inflação projetada não só para esse ano, mas também para o ano que vem e os juros parando de subir neste ano. Existia uma dúvida na reunião do BC sobre o aumento dos juros, e com a inflação de 7% esse ano e 5,35% ano que vem, mais a projeção do Focus de 11% para a Selic em 2023, aumentam as chances do BC não aumentar juros”, disse Flavio Conde, analista da Levante Investimentos. 

A questão macroeconômica tem afetado bastante as varejistas da bolsa de valores. Isso porque as perspectivas para essas empresas diminuíram muito nos últimos meses, com o varejo discricionário tendo uma queda geral devido a alta da inflação e dos juros. A inflação alta acaba fazendo com que os consumidores utilizem o dinheiro que seria para o varejo discricionário para o consumo de itens primários.

“Com a inflação mais baixa e com juros parando de subir no ano que vem, isso quer dizer que as varejistas que estavam com seus preços lá embaixo tendem a ter um resultado melhor em 2023. A bolsa precifica os resultados das empresas para um ano, ou seja, a bolsa não precifica só resultado de um trimestre em si, na maioria das empresas é o cenário do futuro, portanto essas empresas que tiveram prejuízo e queda de receita podem ter um primeiro semestre muito bom ano que vem, e por isso faz muito sentido essa alta”, afirmou Conde.

Para Matheus Lima, analista da Top Gain, o olhar do mercado para ações de varejistas no Brasil foi mais intensificado quando os números de inflação nos EUA mostraram um certo alívio aos investidores.  

“Consequentemente, o varejo é mais reativo a esses indicadores de inflação e taxa de juros. Inclusive já estamos começando a ver uma movimentação de parar os aumentos da nossa Selic, que pode ser o início de uma curva de correção dessas fortes quedas do varejo, então chegamos na nossa meta, nosso limite da Selic e estamos caminhando para manter por um breve período estática a nossa taxa de juros, para começar no ano que vem os cortes”, disse Lima.

“As varejistas estão passando por momentos difíceis e a expectativa é de que a melhora no cenário macro seja um marco de que podemos ter nos próximos meses ou no próximo ano – ou em dois anos – que a gente consiga ver essas ações dando uma boa respirada por esses motivos”, complementou Lima. 

A alta das varejistas vai na contramão dos dados reportados para o varejo, na segunda-feira (15). As vendas no varejo desaceleraram em julho, crescendo 0,7% ante o mesmo período no ano passado, descontada a inflação, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA).

Em abril, as vendas no varejo subiram 20,5%. Em maio, as vendas no varejo subiram 6,9% e 5,9% em junho. Mesmo desacelerando para uma alta de 0,7%, o desempenho do varejo no mês passado subiu pela nona vez consecutiva.

Magazine Luiza e Via acumulam queda na bolsa em 2022 

Mesmo com a alta de 45,85% nos últimos 30 dias, o Magazine Luiza acumula uma queda na bolsa, no acumulado de 2022, de 39,88%. Já a Via viu suas ações caírem 26,91% neste ano. B2W caiu mais de 50% na bolsa no período de janeiro a agosto de 2022.