Indústria de FIIs amadureceu, mas ainda “precisa de educação”, diz professor Baroni

Especialista destacou que o patrimônio geral aplicado em FIIs ainda é muito pequeno comparado aos outros tipos de investimentos

Em 2018, a bolsa contava com 208 mil investidores de FIIs (Fundos de investimentos Imobiliários). No final do ano passado, o número subiu para 1,5 milhão de investidores. Isso representa uma alta de 660% nos investidores dessa classe de ativos, entre dezembro de 2018 e janeiro deste ano. Ou seja, é inegável que a indústria de FIIs amadureceu, mas para o especialista em FIIs da Suno Research, Marcos Baroni, ainda “falta educação” para que este segmento tenha uma maior representatividade no cenário de investimentos.

“A gente já sabe o caminho que tem que seguir, a capacidade da pessoa física desenvolver essas competência para investir em FII, mas são ajustes finos que temos que fazer. O processo de educação não é só do investidor, ele vem desde o gestor – que vai precisar melhorar seu relatório – e passa pelo distribuidor (que é quem leva as cotas para os investidores). Então o processo de educação transcende a barreira só do investidor, é um conjunto”, afirmou Baroni, durante o segundo dia do FII Summit, evento organizado pela EQI Investimentos. 

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Baroni destacou que, há cerca de 15 anos, os especialistas em FIIs faziam algumas críticas aos executivos de gestoras, que tinham um perfil voltado muito mais ao financeiro do que ao imobiliário. 

“De 2015 pra cá, as gestoras mudaram o perfil, trouxeram profissionais e os gestores pesaram mais para o imobiliário. O investidor tem que comprar essa ideia também, porque ele, às vezes, associa muito o FII ao juro direto, à Selic e esquece de olhar um pouquinho mais pra frente e enxergar o ciclo na sua plenitude. Então essa barreira precisa ser superada e o processo de educação vai justamente nessa direção, de mostrar que assim como fizemos lá atrás com os gestores, que precisavam de investimento no viés imobiliário, agora a gente também faz com os investidores pessoa física”, disse o especialista em FIIs.

Baroni não deixou de exaltar o crescimento do mercado de FIIs, com o aumento expressivo de investidores pessoa física, mesmo em um ciclo de alta de juros e da taxa Selic.

“A boa notícia, que acho que é o mais importante, é que mesmo com o cenário de juros subindo de dois para quase 13 (cresceu seis vezes) e inflação nos dois dígitos – que incomoda – a quantidade de investidores segue aumentando. Hoje, nós temos um crescimento médio de 25 mil novos investidores por mês em um ambiente e cenário de juros desafiador, em um ambiente com muitas variáveis que ainda não estão respondidas”, salientou.

O patrimônio investido em FIIs ainda é muito pequeno em relação ao do mercado inteiro de investimentos, segundo Baroni. “Hoje, temos R$ 177 bilhões de patrimônio em um mercado onde são mais de R$ 6 trilhões em outros veículos de investimentos e mais de R$ 1 trilhão em poupança, então a gente ainda tem muita coisa pra fazer”, disse. 

Também presente no evento da EQI, Arthur Vieira, especialista em FIIs da “EXAME Academy”, disse que o mercado imobiliário brasileiro está em um estágio de maturidade “muito grande”.  

“O nosso mercado imobiliário era muito pequeno e agora está começando a crescer. Boa parte disso é por causa dos FIIs. Quem levou bilhões de reais para construir galpões de logística durante a pandemia foram os FIIs. Quem financia boa parte das construções de grandes lajes corporativas são os FIIs. Então, sim, estamos em uma boa parte da maturidade dos FIIs”, disse Vieira.

“Estamos em um estágio de maturidade muito grande, e é para respeitar e reconhecer isso”, completou. 

O especialista em FIIs, por outro lado, destacou que não dá para dizer, ainda, que este é o auge do amadurecimento da indústria de FIIs, mas o setor “cresceu demais”. 

“Nota-se esse crescimento pela atuação da reguladora, pela participação dos investidores no mercado e pelos segmentos de FIIs que os fundos conseguem penetrar. Distribuir fundo imobiliário hoje é coisa de gente grande, organizada, regulada, fiscalizada e transparente”, reiterou Vieira.