iFood prevê direitos trabalhistas aos entregadores sem que eles saibam

Empresa tem contrato com companhias terceirizadas pela gerenciamento dos profissionais

Os entregadores do iFood já fizeram diversas manifestações com o intuito de questionar o atraso de pagamentos e o bloqueio do aplicativo. De acordo com Antonio, entregador ouvido pela “Agência Pública”, a companhia havia combinado que os pagamentos seriam realizados semanalmente, todas às quartas-feiras, mas isso não foi cumprido. O profissional foi reclamar no grupo no Telegram da companhia, mas foi excluido.

Este grupo no Telegram organiza as escalas de trabalho e os turnos. Caso um entregador não esteja nele, fica impossível de trabalhar.  A empresa que organiza este grupo não é o iFood, mas uma das diversas companhias intermediárias que são classificadas como OL (Operadoras Logísticas). O aplicativo contrata essas intermediárias para gerenciar os empregadores.

A “Agência Pública” teve acesso a contratos com escalas e turnos dos profissionais. Até direitos trabalhistas estão registrados no documento, sem o conhecimento dos entregadores.

A reportagem da “Agência Pública” teve acesso a um documento assinado em 2017 entre o iFood e a Sis Motos, onde a OL se responsabilizava por registro em carteira profissional de trabalho de todos os entregadores e por fornecer uniforme, GPS, smartphone, licenciamento de motocicletas e seguro. Segundo o contrato, o iFood precisaria mandar mensalmente a escala dos entregadores.

Em comunicado, o iFood respondeu que “a empresa não tem nenhuma ingerência ou gestão sobre a companhia que optou pela plataforma para prestar serviços de delivery. Essas empresas têm liberdade para conduzir seus negócios e são responsáveis por contratar os seus entregadores e por fazer toda a gestão sobre eles, em conformidade com as regras do Compliance e Código de Ética do iFood”.

iFood: Reportagem tenta contato com terceirizada 

A “Pública” tentou entrar em contato com a Sis Motos, empresa terceirizada e contradada pelo iFood, por diversos meios diferentes como telefone, e mails e redes sociais para solicitar informações relacionadas a quantidade de entregadores com registro em carteira, mas não obteve sucesso nos contatos até o fechamento da reportagem.