Ibovespa sente repercussão do FED e abre de forma volátil

Reajuste da Selic e inflação dos EUA chamam atenção dos agentes do mercado

O Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa de Valores de São Paulo, abriu de forma volátil nesta quarta-feira (18). Por volta das 10h22 (de Brasília), o índice avançava 0,09% a 108.891 mil pontos, mas oscilava entre algumas quedas, influenciado por possíveis novos aumentos na taxa básica de juros norte-americana.

Na última terça-feira (17), o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), Jerome Powell, confirmou que o banco continuará insistindo no aperto monetário nos EUA como tentativa de frear a alta inflação no país, o que ocasionou no declínio do Ibovespa.

Em um evento do “The Wall Street Journal”, o dirigente disse que a autoridade monetária está se movimentando para reduzir a inflação a partir do aumento da taxa básica de juros, mas que isso pode causar diminuição no nível de crescimento da economia dos EUA.

A preocupação dos acionistas está voltada também para os desdobramentos da Selic no Brasil. O diretor do Banco Central, Bruno Serra, afirmou que “a taxa de juros parada por mais tempo é melhor, mas nem sempre é possível”.

Dessa forma, a expectativa dos investidores é de que o ciclo de aperto monetário não se estenda por um tempo tão longo no País.

Ainda no segmento da taxa básica de juros no País, os compromissos do ministro da Economia, Paulo Guedes, também despertam atenção nesta quarta (18), o que pode indicar novos rumos para alteração da Selic.

Além disso, o TCU (Tribunal de Contas da União) deve retomar o julgamento da segunda etapa de privatização da Eletrobras (ELET6) nesta (18). A decisão está paralisada desde o dia 20 de abril após um pedido de vista do ministro Vital do Rêgo.

A União deseja aplicar uma redução em sua participação na empresa dos atuais 72% para 45%, e aguarda um caixa de R$ 25 milhões seja gerado em outorgas pagas à vista para a administração federal.

Já na Europa, as preocupações com a alta da inflação na região ainda regem alimentam um possível novo aperto monetário.

A divulgação do CPI (Inflação ao consumidor) foi um dos principais agravantes para as bolsas. No Reino Unido, o CPI O índice anual saltou de 7% no mês de março para 9% em abril, a maior marca nos últimos quarenta anos.

O BoE (Banco da Inglaterra) já elevou os juros básicos em quatro ocasiões desde dezembro de 2021, mas os novos resultados na região não descartam um possível novo aumento. 

Enquanto isso, na zona do euro, o CPI continuou no nível recorde de 7,4% em abril, resultado dos desdobramentos da guerra da Rússia contra a Ucrânia.

No mesmo sentido das outras principais bolsas ao redor do mundo, o mercado europeu também mantém as expectativas nas últimas declarações do FED.

Em contrapartida, no mercado asiático, as decisões do FED também repercutem, mas as preocupações são voltadas para os indicadores econômicos no Japão.
 
O PIB (Produto Interno Bruto) real do país teve queda de 0,2% no primeiro trimestre de 2022, em relação ao último trimestre de 2021.

O resultado apresentou baixa menor que os 0,4% estipulados por analistas entrevistados pelo “Wall Street Journal”.

Por sua vez, a cidade chinesa de Xangai segue no terceiro dia de flexibilização da política de “Covid zero”, porém, a principal bolsa da região não teve bons resultados no último fechamento, por conta do primeiro declínio dos preços médios de novas moradias desde dezembro de 2015.

No mercado doméstico, a alta do petróleo e os últimos acontecimentos na Petrobras (PETR4) também mexem com o Ibovespa. A estatal informou que ocorreu um vazamento de óleo diesel seguido de fogo na RPBC (Refinaria Presidente Bernardes), localizada na cidade de Cubatão, no estado de São Paulo.