Ibovespa abre em alta na contramão de mercados mundiais; dólar opera em queda

Falas de Powell e “novela” dos combustíveis no Brasil estão no radar dos acionistas

O Ibovespa opera em alta nesta quinta-feira (23). Por volta das 10h04 (de Brasília), o índice avançava 0,17% a 99.695 mil pontos, em sentido contrário ao das bolsas internacionais. Enquanto isso, o dólar registra baixas  no início do pregão.

A performance em baixa das bolsas mundiais não impactou o Ibovespa nesta quinta (23), que sentiu a influência dos futuros positivos de Nova York.

A expectativa dos acionistas está voltada para as falas do presidente do FED (Federal Reserve, banco central norte-americano) Jerome Powell, a fim de indicar novos rumos sobre a taxa básica de juros no país.

Os investidores esperam que diante da postura mais agressiva da autoridade monetária para conter a escalada da inflação, após o aumento dos juros anunciado na última semana, Powell reforce a possibilidade de uma contração econômica.

Com isso, o dólar opera em queda na manhã desta quinta (23). Às 10h21 (horário de Brasília), a moeda norte-americana registrava retração de 0,27%, vendida a R$ 5,180.

Já no Brasil, aguarda-se a coletiva de imprensa do presidente do BC (Banco Central) Roberto Campos Neto nesta quinta (23).

Os acionistas também monitoram o noticiário sobre a Petrobras (PETR4) e as discussões sobre a política de preços de combustíveis e sobre o valor do voucher ao diesel.

O aumento do valor do voucher de R$ 400 para R$ 600 para impedir uma nova greve dos caminhoneiros preocupa o Ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de acordo com informações do “Valor”.

Além da criação do subsídio que visa impedir a greve dos caminhoneiros provocada pela alta dos combustíveis no País, medidas populares como o aumento do Auxílio Brasil e do vale-gás passaram a ser pautas mais discutidas pelo governo federal.

Enquanto isso, as bolsas europeias operam majoritariamente em queda, ainda movidas pelo pessimismo acerca de uma nova alta inflacionária na região.

As expectativas estão voltadas para as novas falas da presidente do BCE, Christine Lagarde, nesta quinta (23), em participação no Conselho Europeu.

Além disso, as declarações de Jerome Powell, do FED, também impactam os mercados no continente.

Após as falas do presidente na última quarta-feira (22), o banco alemão Berenberg indicou que a zona do euro pode dar um start no período de recessão ainda antes dos EUA.

Os indicadores de serviço também foram negativos para os acionistas da região. O PMI (índice de atividade econômica na zona do euro) recuou para 51,9% em junho e atingiu seu menor patamar desde fevereiro de 2021.

Na mesma direção, o PMI (índice de gerentes de compras) composto da Alemanha também está no menor nível nos últimos seis meses.

– DAX (Alemanha), -1,03%
– FTSE 100 (Reino Unido), -0,49%
– CAC 40 (França), -0,097%
– FTSE MIB (Itália), -0,26%

No mercado asiático, as bolsas fecharam com direções distintas nesta quinta-feira (23).

No Japão, a boa performance dos papéis das seguradoras ajudaram o país a fechar o dia com leves ganhos.

Além disso, o PMI (índice de gerentes de compras) de serviços do país teve alta de 52,6 em maio para 54,2 em junho, de acordo com a leitura preliminar da S&P Global em parceria com o Jibun Bank.

O setor de serviços no Japão teve a quarta alta consecutiva, além de permanecer acima da marca de 50 pontos.

Enquanto isso, na China, novas falas do governo tentam minimizar o temor provocado pela possível recessão nos EUA.

O presidente do país, Xi Jinping, reforçou que aumentará os esforços para que as perdas causadas pela pandemia da Covid-19 sejam diminuídas.

Ademais, o presidente também voltou a falar sobre o objetivo de terminar o ano com crescimento econômico de 5,5%.

Por fim, o índice de Seul teve fortes baixas nas ações de construção e transporte marítimo e fechou em queda por mais um pregão.

– Nikkei (Japão), +0,083%
– Kospi (Coreia do Sul), -1,22%
– Hang Seng Index (Hong Kong), +1,26%
– Xangai SE (China), +1,62%

De volta ao mercado corporativo do Brasil, o Cade  (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) também aprovou a compra dos ativos e seminovos pelo fundo de investimentos Brookfield na fusão entre Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3). A negociação incluirá cerca de 49 mil carros.

Por sua vez, a CVC (CVCB3) e a Eneva (ENEV3) irão divulgar o preço de suas ações em suas respectivas ofertas subsequentes de ações.

O Cade também aprovou a compra de 51% da distribuidora de gás Gaspetro, subsidiária da Petrobras (PETR4), pela Compass, o que mantém o radar do Ibovespa ligado sobre os desdobramentos na estatal.