Genial Investimentos adota postura mais conservadora em maio; veja as recomendações

Relatório pede mais atenção ao cenário global, e gestora deve diminuir o beta e aumentar exposição em ações domésticas

Para maio, a Genial Investimentos chama a atenção à instabilidade do cenário global. Atenta às perspectivas mais pessimistas para as bolsas, a corretora que deve diminuir o beta, isto é, a margem de volatilidade dos preços das ações investidas em relação ao resto do mercado, em todas as suas carteiras para o mês que vem pela frente. As apostas foram apresentadas no relatório de carteira recomendada de ações, divulgado no sábado (30).

“Prosseguimos com maior concentração em empresas de maior capitalização (large e midcaps) diante do cenário volátil”, destacou o estrategista de ações da Genial Investimentos Filipe Villegas, que assina o documento. Em abril, a gestora manteve a exposição em ações ligadas a commodities e aumentou a exposição no setor elétrico, com a alta de preços atingindo níveis recordes no mês.

A gestora indica cautela com empresas que apresentam uma correlação inversa à taxa de juros de longo prazo, tanto companhias com altos índices de endividamento quanto em setores que podem ter a demanda afetada pelo cenário, como financeiras, bancos e seguradoras. Até mesmo o setor imobiliário está mais exposto ao aumento da inflação e à revisão de projeções da Selic, que está beirando os 14% em 2022.

“Estamos buscando por empresas de qualidade e de menor volatilidade, pois acreditamos que o quadro fiscal brasileiro ainda pode gerar ruídos”, apontou Villegas. No radar global, influenciado pelo cenário macroeconômico nos Estados Unidos, o estrategista segue atento à elevação dos prêmios de risco para países emergentes. “Graficamente, nossas carteiras estão com IFRs (índice de força relativa) mais próximo da faixa dos 30 pontos devido a forte queda no mês anterior, nos dando maior tranquilidade já que agora existe uma assimetria positiva, ao contrário do início de abril”.

Para o mercado norte-americano, analistas da Genial Investimentos acreditam que os choques inflacionários e as consequências econômicas sobre os níveis de confiança dos consumidores e empresários pedem mais cautela com as ações estrangeiras. A corretora acredita que o cenário deve pressionar os bancos centrais globais a agir de uma maneira mais dura (hawkish) para combater a inflação, ou seja, as autoridades devem aumentar – ou manter elevadas – as taxas de juros do país. “Recomendamos posições conservadoras nesses mercados. Ações ligadas a setores mais perenes e de menor volatilidade podem se destacar”, traz o relatório.

No Brasil, caso a narrativa de recessão comece a ganhar força, a bolsa, dependente de commodities, deve ser mais pressionada. “Nossa salvação poderia vir da melhora nas expectativas em relação ao crescimento do país, ou seja, a tese de rotação”, indicou Villegas. 

Para a equipe da Genial Investimenos, após um bom primeiro trimestre, o Ibovespa passou por um mês de correção, diante do enfraquecimento da tese ligada a commodities e ao aumento da aversão ao risco global. Assim, empresas exportadoras, bancos e varejo exerceram grande pressão negativa no índice.  “Lembrando que esta migração, das exportadoras para a economia doméstica, deve ser feita com parcimônia e começar com empresas de menor volatilidade, como o setor elétrico, por exemplo”, diz o relatório.

A estratégia da Genial Investimentos para o mês de maio

Para as empresas ligadas a commodities, a corretora mantém postura conservadora. “Em carteiras com possibilidade de maior diversificação, reforço a importância de garantir uma parcela de exposição”, afirmou Villegas. Ele indica ainda que a equipe monitora empresas que tiveram quedas significativas em abril e, portanto, poderiam estar próximas de pontos de entrada interessantes.

Já as ações de empresas da economia local apresentam preços atrativos para a Genial. Com a possibilidade de aproximação do pico inflacionário no País, “estamos monitorando oportunidades nos setores que possuam correlação inversa com a curva de juros de longo prazo”. Diante do cenário de ano de eleições gerais e da situação fiscal, a corretora está atenta para aumentar a exposição das carteiras a ações domésticas. 

O mês de maio ainda deve trazer respostas sobre um novo patamar de equilíbrio da paridade dólar/real, por isso a gestora acredita ser “prudente que investidores já posicionados mantenham suas posições”. No curto e no médio prazo, a tendência ainda é de baixa, segundo Villegas, que considera o movimento recente de recuperação apenas como um ajuste. A carteira de ETFs (exchange-traded fund) deve manter a alocação do mês anterior, com maior exposição em ações brasileiras. “O ouro segue como nosso ‘porto seguro’, e a China permanece pela atratividade dos preços”, diz o relatório da Genial Investimentos.