Em fim de ciclo, FIIs mais descontados levam vantagem; entenda

Especialistas ouvidos pelo BP Money apontaram tipos de investimentos que pagam mais dividendos

Apesar da última alteração na taxa realizada pelo Banco Central no último dia 15, em que a Selic saiu de 12,75% e foi para 13,25% ao ano, os acionistas de Fundos Imobiliários (FIIs) ainda visualizam um futuro promissor no setor e fundos de tijolos e os FOFS (Fundos de Fundos Imobiliários) podem ser mais vantajosos aos investidores.

Claro que, no cenário de alta dos juros premeditado previamente pelos analistas do mercado, muitos acionistas optam, de início, por investir nos fundos que possuem CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e que conseguem pagar maiores dividendos no curto prazo.

Isso porque, de acordo com Marx Gonçalvez, analista de FIIs da Nord Research, esse tipo de fundo possui o adicional necessário para remunerar o risco de crédito das operações.

“Em momento de alta de juros, é indiscutível que os fundos de papel atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e os relacionados aos descontos dos FIIs são os mais procurados. Esses, além de se beneficiarem do crescimento da Selic, também são os que mais pagam dividendos”, disse Gonçalvez.

Contudo, o analista também chamou a atenção para como as diferenças entre os perfis do investidores podem ser importantes neste momento, visto que dois grupos de fundos chamam atenção para uma eventual queda da Selic: os citados fundos de tijolos e os FOFS.

“É importante que o investidor olhe para o rendimento total e à valorização do capital investido como prioridade. Alguns fundos como os de tijolos e os FOFS são negociados com descontos muito expressivos. Logo, em um retorno total no futuro, eles podem gerar valores muito superiores à taxa básica de juros, principalmente pois a Selic não vai continuar alta para sempre”, enfatizou o especialista da Nord Research.

Além disso, uma leitura macroeconômica ajuda a esclarecer a escolha correta para investir nos FIIs.

O Banco Central já sinalizou que a expectativa é que a taxa básica de juros continue alta até o final deste ano. Entretanto, a autoridade monetária também divulgou suas projeções para o índice nos próximos anos: 10,0% em 2023 e 7,50% em 2024.

Por conta dessa acentuação para baixo do indicador, Caio Ventura, analista da Guide Investimentos, evidenciou as vantagens de aproveitar o momento e aplicar nos fundos de tijolos.

“Eles (fundos de tijolos), por exemplo, estão sendo negociados muito abaixo de seus valores patrimoniais, ainda que os insumos da construção civil estejam crescendo bastante, assim como seus custos.Todavia, os ativos de tijolos estão muito descontados, então deve haver uma valorização desses ativos logo no futuro”, concluiu Ventura.

Logo, o analista explicou que investidores que desejam atingir ganhos de capital em detrimento de dividendos,devem ter como ideal investir em fundos como os de tijolos.

Recomendações também foram para FIIs tradicionais com rendimentos a curto prazo

Entretanto, ambos os especialistas não descartaram a aplicação em fundos com rendimentos maiores à curto prazo, que remuneram acima dos fundos públicos.

Gonçalvez explicou que tudo depende do perfil dos investidores envolvidos, e inclusive indicou alguns dos fundos mais vantajosos para quem deseja maior renda em menos tempo.

“Nesses casos, há diversas opções. Os fundos de papel atrelados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que são distribuídos na mão dos cotistas em forma de rendimentos, são um dos mais procurados. Cito também os fundos de papel atrelados ao CDI, que possuem CRI e devem remunerar acima dos fundos públicos, além de sempre se beneficiarem da alta da Selic. Entre eles, destaco os FIIs VGIR11 e o KNCR11”, elucidou o representante da Nord.

O sentimento de otimismo em relação ao investimento nos fundos imobiliários foi de encontro ao aguardado pelo mercado, que já esperava o aumento da taxa básica de juros anunciado pelo BC (Banco Central).

Nesse sentido, Caio Ventura explicou como a movimentação da Selic impactou o mercado de FIIs.

“A alta não foi um movimento surpresa, visto que já era algo precificado e esperado, devido ao histórico de alta dos bancos. O IFIX, por exemplo, já estava mais elevado que alguns meses anteriores, o que foi mais um indício para comprovar que o mercado analisa muito a curva de juros no futuro. Agora que estamos chegando ao fim desse ciclo o horizonte dos FIIS já está um pouco mais claro e favorável”, explicou Ventura.