BZQ: conheça o ETF que lucra com a queda do Ibovespa

O ETF BZQ UltraShort Brazil oferece uma exposição inversa a um índice atrelado a empresas de média e grande capitalização que operam no Brasil

O atual cenário macroeconômico é desfavorável a diversos setores de atuação de empresas que estão listadas Bolsa, o que tem causado a queda do principal índice acionário do Brasil, o Ibovespa. Entretanto, como algumas coisas na vida, na Bolsa, quando um perde o outro ganha. Isso porque existe um fundo de índice (ETF) que aposta na queda do Ibovespa. Ou seja, sua rentabilidade aumenta conforme o índice cai.

Nos últimos 30 dias, o ETF (Exchange Traded Funds – fundos de índice) americano ProShares UltraShort MSCI BRAZIL CAPPED teve alta de 48,42%, contra uma queda de 11,72% do Ibovespa no mesmo período. Este fundo de índice tem um portfólio baseado na exposição inversa ao índice MSCI Brazil, lançado em 2001, que representa ações de empresas de média e grande capitalização do Brasil. Ou seja, se essas empresas que compõem o índice performam mal no Ibovespa, o fundo acaba rentabilizando mais.

O analista Bruno Komura, da Ouro Preto Investimentos, diz que pode representar uma boa oportunidade no curto prazo, já que a alta de juros pode ser prejudicial para o mercado de ações. 

“Dado o cenário atual, a ideia é esperar por mais oportunidades, mas é uma forma muito simples de você apostar contra o Brasil. O mercado ainda deve cair. No caso do BZQ, vale a pena comprar sim, é uma forma de apostar na queda”, disse Komura.

Nas últimas semanas, por causa das recentes quedas dos mercados globais e no Brasil por receio dos juros e da inflação, a performance do BZQ teve um desempenho acima da média. Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, explica que isso se deu devido à alta exposição do fundo na posição vendida no mercado e também destacou que é preciso medir os riscos antes de investir em um ETF como o BZQ. 

“Por se tratar de um instrumento alavancado, é necessário medir os riscos antes do investimento, já que assim como nos ganhos, as perdas podem ser relevantes caso o mercado venha a apresentar altas com consistência. Além disso, o volume de negociação é reduzido (risco de liquidez) e as taxas são maiores se comparado aos ETFs não alavancados”, afirmou Gonçalvez.

Para o analista Bruno Komura, investir em ETFs, no cenário atual, é uma ótima forma de diversificação de carteira, mas é preciso ficar atento à exposição que o fundo traz ao investidor. 

“Os ETFs, principalmente os americanos, conseguem te dar acesso a vários tipos de investimentos, mas tem bastante risco, precisa conhecer bastante, tem que saber o que ele tem na carteira para conseguir medir os riscos. Não pode ir só pela rentabilidade. Normalmente, você espera que o índice suba para você lucrar, mas no caso do BZQ, por exemplo, é ao contrário, é um ETF que tem uma peculiaridade que, na verdade, você aposta na queda do índice. Você espera que o índice caia para você ganhar dinheiro. Tem que estar atento ao tipo de exposição que você ganha ao comprar um ETF como o BZQ”, disse o analista.

Os analistas afirmam que para se proteger do cenário de inflação local (e também global) e da alta de juros é importante contar com um percentual de dólares e reservas como ouro na carteira de investimentos. 

Outras estratégias de hedge, como operações em opções, swaps e mercados futuros também podem ajudar o investidor, porém elas envolvem um maior grau de complexidade, e podem ser mais eficazes com a ajuda de profissionais. 

“É muito mais fácil você negociar na bolsa com ETFs do que mexer com derivativos ou algo do tipo. O mercado americano é um mercado bastante diverso em ETFs, ele tem vários tipos de ETFs, enquanto no Brasil temos pouco, ainda estamos em desenvolvimento nisso”, disse Komura, da Ouro Preto Investimentos.

“Seria interessante, então, comprar ETFs de ações na Europa, Ásia e EUA. Ao comprar um ETF, você tem essa facilidade de se posicionar em mercados que não são tão fáceis de acessar. Esse é um dos principais benefícios, é uma ótima forma de diversificar a carteira”, complementou o analista. 

Como investir em ETFs estrangeiros e taxas de administração 

Os ETFs são como fundos de investimentos que aplicam seus recursos em diversas ações negociadas na Bolsa de Valores. Por isso, eles também possuem taxa de administração. Essas taxas podem variar entre 0,20% e 0,80%. O valor é bem menor do que os de fundos tradicionais, que possuem taxas de 2% a 3%.

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No Brasil, a alíquota de imposto sobre o lucro em operações de swing trade de ETFs é de 15%. Ao vender um ETF na bolsa, com lucro, o investidor necessita emitir um DARF no mesmo mês da operação. 

Para investir em um ETF no Brasil, basta ter uma conta em uma corretora de valores. Nem todas as corretoras, entretanto, possuem ETFs estrangeiros, como o BZQ. Os Estados Unidos possuem mais de 2 mil ETFs, enquanto o Brasil conta com menos de 70 ETFs na bolsa.