Exclusivo: BTRA11 vê ativo responsável por 24% do FII entrar em recuperação judicial

Operação de produtora consolidada de milho e soja do fundo tem valor de R$ 81 milhões e deve impactar dividendos

Os arrendatários da Fazenda Vianmancel, produtora de milho e soja, que pertence ao Fundo Imobiliário BTG Pactual Terras Agrícolas (BTRA11), entraram com um pedido de recuperação judicial, segundo fontes ouvidas pelo BP Money nesta quarta-feira (22). O pedido deve impactar a geração de receita do fundo e, consequentemente, os dividendos distribuídos aos cotistas.

A operação em questão tem um valor de cerca de R$ 81 milhões dentro de um fundo com valor de mercado de R$ 342,2 milhões, ou seja, cerca de 24% do total do FII. Dessa forma, a recuperação judicial do ativo deverá afetar significativamente a geração de caixa do fundo e, consequentemente, a distribuição de dividendos. 

Após a revelação do BP Money, o fundo fechou em queda de 16%, cotado a R$ 84,92. Segundo o BTG (BPAC11), o fundo tem como objetivo “a aquisição de terras agrícolas  produtivas (rurais e urbanas) e em fase de transformação (oportunisticamente) localizadas nas principais regiões do território brasileiro”.

Em agosto do ano passado, o BTRA11 celebrou junto a Milton Paulo Cella um compromisso de compra e venda de bens imóveis, objetivando a aquisição da Fazenda Vianmancel, localizada no município de Nova Maringá, Mato Grosso. O montante total da operação foi de R$ 81 milhões. À época, o BTG anunciou que a aquisição adicionaria mensalmente cerca de R$ 0,22 por cota em dividendos.

O BP Money teve acesso ao documento de pedido de recuperação judicial do ativo Fazenda Vianmancel. De acordo com o texto, a solicitação foi feita por Milton Paulo Cella, Roseli Amália Zuchelli Cella e Vitor Augusto Cella. Confira parte do pedido: 

“Trata-se de pedido de RECUPERAÇÃO JUDICIAL formulado por MILTON PAULO CELLA, ROSELI AMÁLIA ZUCHELLI CELLA e VITOR AUGUSTO CELLA, produtores rurais que integram o denominado GRUPO CELLA, todos com endereço comercial situado na Fazenda Vianmacel (Parte do Lote Selva), MT 242, Zona Rural de Nova Maringá-MT, CEP: 78.445-000, apontando um passivo de R$ 327.650.577,31 (trezentos e vinte e sete milhões, seiscentos e cinquenta mil, quinhentos e setenta e sete reais e trinta e um centavos). Requerem, inicialmente, o diferimento das custas processuais, ao argumento de que, tomando-se por base o valor da causa, o total das custas de distribuição perfaz a quantia de R$ 87.895,00, e que não possuem condições, “neste momento, de pagar integralmente o valor (…) sem prejudicar diretamente seu fluxo de caixa”. Alternativamente, pugnam pelo parcelamento, como previsto pelo Código de Processo Civil”, informou o documento.

A Fazenda Vianmancel tem uma área total de 3.148 hectares, e está localizada no estado de maior produção agrícola do Brasil. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), em agosto do ano passado, a região liderava os rankings nacionais em produção de soja, milho, algodão dentre outros.

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De acordo com o último relatório divulgado pelo BTRA11, o fundo contava com pouco mais de 14 mil investidores. O objetivo do FII é proporcionar a rentabilidade e valorização de suas cotas no longo prazo através de investimentos em terras agrícolas produtivas (rurais e urbanas) e em fase de transformação ao longo dos principais polos agrícolas do território brasileiro. 

O BTG Pactual informou, por meio de fato relevante, que não teve acesso aos autos, mas que há ações judiciais movidas por um credor e que manterá os cotistas informados.

“Identificamos, ainda, a existência de ações judiciais movidas por um credor dos detentores do direito de uso de superfície dos Imóveis para cobrança de determinados créditos alegadamente inadimplidos, nas quais é questionada a eficácia da operação de compra e venda dos Imóveis. A despeito de ainda não haver qualquer decisão definitiva a respeito do mérito, decisão liminar reconhece que os Imóveis são de propriedade do Fundo em decorrência de negócio existente e perfeitamente válido. A Administradora manterá os cotistas e o mercado informados acerca de qualquer desdobramento do assunto e permanece à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais”, informou o BTG sobre o ativo em recuperação judicial do BTRA11.