Por que Magazine Luiza (MGLU3) tem alta dias antes de resultados?

Ações da varejista chegaram a subir 9,81% na B3 durante esta segunda-feira (8), mas fecharam o pregão em alta de 3,48%

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) subiram 24,33% nos últimos 30 dias na bolsa de valores de São Paulo (B3). Na semana passada, os papéis apresentaram fortes altas (de até 14% em um dia), e nesta segunda-feira (8) as ações chegaram a subir 9,81%, cotadas a R$ 3,47.

O movimento de alta acontece dias antes da divulgação de resultados da companhia varejista. Segundo analistas, o possível fim do ciclo da alta de juros, sinalizado pelo Copom (Comitê de Política Monetária), é o maior responsável pelo ânimo do mercado com o Magalu.

Um analista consultado pelo BP Money afirmou que apesar de existir a relação entre os fatores macroeconômicos e microeconômicos – que têm influenciado a alta das ações de varejistas – o fato da alta acelerada acontecer uma semana antes da divulgação dos relatórios do segundo trimestre é um aspecto que deve ser destacado. De acordo com o especialista, é muito comum no Brasil a alta antecipada de papéis de empresas dias (ou semanas) antes da divulgação de resultados. 

Isso aconteceria, segundo a fonte do mercado, por um suposto vazamento de algumas informações otimistas em relação à empresa. “Alguns investidores com posse disso, claro que é uma especulação de mercado, podem ter atuado fazendo uma primeira compra antes dos relatórios”, disse a fonte. 

Já para o analista da Nord Research, Victor Bueno, a alta das ações do Magazine Luiza está ligada diretamente à reunião do Copom, realizada na semana passada.

“Teve a Selic sendo elevada para 13.75%, porém já com uma sinalização de um fim do ciclo de alta dos juros, o que acaba sendo positivo para Magalu e para outras varejistas, tanto para os seus fundamentos quanto para as suas ações, já que, olhando para os juros em alta, essa empresas acabam sendo impactadas diretamente”, disse Bueno.

O analista CNPI responsável pela plataforma MundoInvest, Thomas Pedrinelli, também segue a linha de raciocínio de Bueno. Para ele, os indicadores econômicos no Brasil estão direcionando para uma estabilidade financeira da economia do Brasil. 

“A gente vê as eleições batendo na nossa porta daqui dois meses e isso tem trazido uma certa instabilidade política, mas no cenário econômico a gente já vê uma estabilidade da taxa Selic a curto e médio prazo. O Copom já sinalizou que não deve aumentar no ritmo que estava aumentando, aliás eles já ponderam que devem começar a retornar a Selic a curto prazo e a gente sabe que com uma Selic baixa o varejo vai acelerar as vendas”, disse Pedrinelli.

Pedrinelli destaca, entretanto, que as altas do Magalu podem ser, de certa forma, ilusórias. Isso porque os papéis estão com um preço muito baixo no book de oferta. “É quase o mesmo problema que aconteceu com a Oi. Se você pensar em um cálculo de padaria. Em termos nominais, Magalu subiu de R$ 2,63 para R$ 3,27. Subiu 24%, o que é muito bom, mas em termos nominais subiu R$ 0,63”, disse o analista da MundoInvest. 

“Se você pegar outras ações, R$ 0,63 não representa nem 1%, 2%, por isso temos que cuidar com dados, principalmente de ações que são negociadas abaixo de R$ 10. Temos que tomar um pouco de cuidado com isso, quando a gente fala de múltiplos de cotação, porque é muito volátil um papel abaixo de R$ 10”, complementou Pedrinelli. 

Alta do Magazine Luiza (MGLU3) deve ser breve 

Em outra linha de raciocínio, Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, destacou que a alta do setor de varejo e incorporadoras estão sendo observadas nas últimas semanas, mas o movimento de alta é “breve”, por não passar de um ajuste técnico.

“Diante deste quadro (de possível estacionamento da Selic), com os preços das ações desses setores massacrados, estamos observando um movimento de ajuste técnico. Este movimento não deve ser longo, já que logo mais serão divulgados os balanços do setor e devem ser evidenciados os desafios que terão ao longo do 2S22”, disse Galdi sobre o Magazine Luiza (MGLU3).