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Theresa May: só agora estamos vendo um impacto real do Brexit na nossa economia

Segundo Theresa May, a pandemia atrasou o processo do Brexit

Primeira-ministra do Reino Unido entre 2016 e 2019, Theresa May participou da Expert XP na manhã desta quinta-feira (4). De acordo com ela, a pandemia atrasou o processo do Brexit e, somente agora, está sendo possível acompanhar o real impacto econômico da saída do Reino Unido da União Europeia. 

“É difícil, a esta altura, identificar o impacto do Brexit até o momento. Desde que ocorreu o processo, tivemos a pandemia, que trouxe um grande impacto na nossa economia. Só agora estamos vendo um impacto real do Brexit na nossa economia”, afirmou Theresa May. 

Ainda de acordo com a primeira-ministra, novos acordos comerciais estão sendo feitos, e que o Reino Unido tem uma oportunidade real em sua economia. 

“Negociamos alguns novos acordos comerciais e fortalecemos outros também, mas essas coisas levam tempo. O Brexit, por exemplo, levantou problemas com relação a circulação de bens para a União Europeia. Não é ainda possível ver o impacto que isso terá na economia britânica, mas acho que o Reino Unido tem uma oportunidade real”, explicou.

Vale salientar que May anunciou sua renúncia em maio de 2019, após fracassar na condução do Brexit, processo de saída do Reino Unido da União Europeia. Ela vinha sofrendo uma forte pressão para deixar o cargo. Boris Johnson assumiu seu lugar. No entanto, o então primeiro-ministro também renunciou ao cargo neste ano.  

Questionada sobre as políticas ambientais, May destaca que a política energética é um tema fundamental e deve ser priorizado pela Europa. 

“A posição energética estava ficando difícil em termos de custos e preços mesmo antes da invasão russa. O custo de energia ou combustível para poder cozinhar, por exemplo, estão ficando cada vez mais caros. Isso causa dificuldades reais para muitas pessoas no Reino Unido”, salientou, May.

“Precisamos olhar uma economia com muito mais energia verde e precisamos dar apoio a este setor. Eu sempre acreditei que a energia nuclear deveria ser parte do fornecimento no Reino Unido”, completou a primeira-ministra. 

Ainda segundo ela, a energia eólica será o caminho. “É algo que estamos desenvolvendo. 40% da nossa geração vem dos moinhos, que é a eólica. Precisamos adotar energias que vão nos fornecer segurança energética doméstica muito melhor”.   

Nesta quinta-feira (4), o Banco da Inglaterra (BoE) anunciou um aumento de 0,5% da taxa básica de juros, uma medida drástica para contra-atacar a inflação que deve superar 13% em ritmo anual em outubro, mês em que segundo as previsões o Reino Unido deve entrar em recessão, que prosseguirá até o fim de 2023.

“Há uma série de circunstânciais econômicas difíceis que temos que abordar para tentar controlar a inflação. Nós buscamos maneiras para que seja o meio ambiente uma forma de ajudar a economia crescer”, analisou May. 

Theresa May critica Rússia e diz que Otan sairá fortalecida

A primeira-ministra britânica criticou o histórico russo e salientou que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) sairá mais forte, mesmo com o presidente Vladimir Putin tentando prejudicar a entidade. 

“Quando fui primeira-ministra, tivemos uma experiência específica com a Rússia, quando eles tentaram matar dois indivíduos que viviam no nosso país. A Europa, o Reino Unido e os EUA estão reagindo da forma correta, apoiando a Ucrânia”, relembrou May. 

“Outro elemento de ação tomada muito importante são as sanções impostas a Rússia. A Otan é a base da defesa europeia. Putin tentou prejudicar a Otan, mas ela será mais forte ainda no futuro”, completou. 

Primeira-ministra destaca importância da Amazônia para o mundo

Theresa May valorizou a importância da Amazônia para o meio ambiente mundial e reforçou o pedido para que o Brasil honre o compromisso assinado na COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) de interromper a degradação do local. 

“Eu acredito que o mundo se preocupa com a Amazônia. É uma parte extremamente importante do meio ambiente mundial. O Brasil deu um passo na COP26 quando assinou o compromisso em relação a interromper a degradação da floresta. Esse compromisso tem que ser honrado. O mundo estará observando”, avisou May. 

No painel “Uma conversa com Theresa May”, também participaram Fernando Ferreira, Estrategista Chefe e Head do Research, e Rachel Balarim, Diretora de Redação do InfoMoney.