Mundo

Banco central da Argentina eleva taxa de juros para 60% ao ano

Ministra da Economia argentina enviou pedido de renúncia ao presidente, que recusou

O Banco Central da República Argentina (BCRA) elevou a taxa de juros do país, Leliq (Letra de Liquidez), em 8 pontos percentuais, passando dos 52% para 60% ao ano. Essa é a sétima alta e equivale a uma taxa efetiva anual (TEA) de 79,8%, como apontado em comunicado divulgado pelo BCRA na última quinta-feira (28). Em 14 de julho, o país registrou inflação de 64% no acumulado de 12 meses.

Ainda na quinta, Silvina Batakis, ministra da Economia argentina, enviou pedido de renúncia ao presidente, Alberto Fernandéz, após 24 dias no cargo. Ela substitiu Martín Guzmán, que também pediu demissão do posto. 

O presidente recusou o pedido da ministra e ainda anunciou a criação de um “superministério”, unificando os ministérios de Economia, Desenvolvimento Produtivo e Agricultura, Pecuária e Pescas, sob o comando do presidente da Câmara, Sergio Massa.  Em comunicado, o governo disse que Fernández decidiu reorganizar as áreas econômicas de seu gabinete para um melhor funcionamento, coordenação e gestão. 

Taxa de juros tenta reduzir inflação na Argentina

No mesmo dia da divulgação da taxa de juros, milhares de argentinos foram às ruas de Buenos Aires, capital da Argentina, reivindicar um salário básico universal e a universalização de programas sociais. O movimento acompanha outros protestos no país nas últimas semanas por razões econômicas.

Na divulgação da nova taxa de juros, a autoridade de política monetária da Argentina informou que continuará a calibrar a taxa de juro no quadro do processo de normalização da política monetária em curso. Ainda, disse esperar “que essas ações contribuam para uma queda consistente da inflação”. 

Segundo o banco, a volatilidade dos preços da Argentina estão em um contexto de flutuação financeira não correlacionada com os fundamentos macroeconômicos do país. Em março deste ano, a Argentina fez um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para reestruturar uma dívida de US$ 44 bilhões (R$ 228,2 bilhões na cotação atual), no qual o país deve, entre outros pontos, manter a taxa de juros em percentual real positivo, como forma de atrair investimentos a títulos públicos.