Investimento deve ser racional, diz co-fundador da Nord

Renato Breia revelou comportamentos pertinentes nos investidores brasileiros.

Em conversa com a BP Money, Renato Breia, co-fundador da Nord Research, revelou comportamentos pertinentes nos investidores brasileiros.

Breia formou-se em economia pela PUC-SP, tem especialização em Gestão de Fortunas pela Columbia University e é Planejador Financeiro, CFP.

Confira a entrevista completa:

Rentabilidade estratosférica e retorno em curto prazo. Seja pelo cenário de juros ou pela fórmula de dinheiro fácil, promessas assim têm atraído cada vez mais investidores para esquemas financeiros. Como você analisa esse risco e qual auxílio você oferece ao investidor?

O que tem acontecido recentemente com fartas promessas de retornos absurdos teria mais a ver com o momento onde a gente tinha juros alto no Brasil. Engraçado a gente ver esse fenômeno acontecer justamente quando temos juros muitíssimos baixos. Claro que agora os juros vão estar super baixos, mas há seis, dois meses atrás ele esteve muito baixo. Então esses dois fenômenos acontecerem em momentos distintos. As pessoas não deveriam acreditar em retornos estratosféricos dado o nível de taxa de juros. Isso acontece por dois motivos: as pessoas têm pouca educação financeira no Brasil e porque o poder das redes sociais alavanca muito esse tipo de golpe, e até mesmo, novas tecnologias ou novos tipos de hacks para pegar as pessoas. A história das criptomoedas veio ajudar essas pessoas a tentarem atrair esse público dizendo que existe um mundo de investimentos novo, que é possível ter esse tipo de rendimento dessa forma. O que a gente tem feito é tentar alertar o máximo às pessoas em relação a isso. Talvez mais eu, através do Instagram, mas no fim ainda assim, a gente vê muita gente caindo nesse golpe. Então, o auxílio que a gente oferece ao investidor é basicamente tentar passar informações financeiras para as pessoas terem conceitos básicos. Na verdade, todo mundo deveria ter esse conceito. Entender o que é uma taxa de juros vigente, Selic, o que é uma taxa de juros de curto, médio e longo prazo, para, assim, entender que bateu uma referência sobre que tipo de retorno ela pode ter uma carteira. Então, botar o olho numa promessa absurda dessa, as pessoas já deveriam saber que isso é uma cilada.

Diante do cenário macroeconômico brasileiro, decisões estratégicas nos investimentos são essenciais para manter rendimentos eficientes. Quais alternativas você considera mais condizentes para o planejamento financeiro?

O Brasil não perde a oportunidade de perder uma oportunidade, e isso tem acontecido por várias décadas. É normal, a cada ciclo econômico e/ou eleitoral as pessoas renovaram o otimismo em relação ao que o Brasil pode realmente entregar. O que a gente vê acontecendo nas últimas décadas é uma frustração muito grande em termos de crescimento e até mesmo de condução na política. Eu acho que dificilmente vai mudar, pelo menos não da água para o vinho, pois acho que vai demorar. As pessoas precisam ter uma visão muito mais ampla do dinheiro e do que elas podem fazer com os investimentos. Se nenhum país do mundo tem 100% dos recursos alocados nele, assim como, o americano não tem alocados nos Estados Unidos, já o brasileiro tem essa porcentagem no Brasil. Dessa forma, a diversificação geográfica é muito pequena. Eu acho que tem uma razão no passado. A gente tinha juros muito altos e isso fez, de alguma forma, os investidores não olharem com tantos bons olhos lá para fora. E é também uma questão de uma barreira de patrimônio. Você só conseguia ter investimentos mesmo lá fora se tivesse muito dinheiro, e eu acho que essa barreira foi superada. Através das corretoras no Brasil, hoje, você consegue fazer investimentos fora. Antes, chegaram aqui poucas opções e caras. Atualmente, com a competição, você tem opções baratas em termos de taxas, etc. Até mesmo, acesso a bons produtos. O brasileiro tem que ter uma visão mais ampla do que ele pode fazer com a carteira de investimentos e se envolve não só investir no Brasil mas como investir em outras geografias. Eu acho que isso é muito possível. Mesmo com muito pouco dinheiro você já começa a investir, seja através de fundos de ETFs, BDRs e assim por diante. O brasileiro precisa entender que ele não dá só pra ele investir no Brasil, e não dá para entender de ativos domésticos, ele precisa pensar na carteira de uma maneira mais ampla do ponto de vista geográfico.

A psicologia financeira tem se tornado cada vez mais discutida no meio dos investidores. Seja por decisões racionais ou emocionais, os erros são frutos de uma resposta incompleta. Atuando com CFP, qual estratégia te auxilia a compreender melhor o funcionamento do seu cérebro e a tomar decisões eficientes?

O Behavior Finance já foi uma piada há muito tempo. O ser humano é muito emocional e as decisões de investimento deveriam ser muito mais racionais. Acho que o primeiro passo é você entender quais são todos os vieses e quais são os que não vão te trair ao longo do tempo. Tentar perceber quais os vieses que você tem mais propensão a cair e tomar conta, principalmente do seu, para não cair na tentação realmente de tomar uma decisão emocional. Afinal de contas, aqui no Brasil, a gente mistura muito isso.

O chapéu do investidor com chapéu do brasileiro só atrapalha de certa forma. Você fica muito puto com o que acontece na política e isso pode fazer com que você tome uma decisão errada, do ponto de vista do investimento. Eu acho que basicamente é isso. Leva o tempo todo em tentar se informar a respeito do que está acontecendo e tentar separar um pouco o que é ruído e o que é sinal. O mercado não muda de um dia para o outro. Ter uma visão mais de longo prazo, tentar realmente no momento em que as coisas estão mais quentes, como as últimas semanas têm sido bastante agitadas, talvez evitar ler muitas notícias que não são relevantes, tentar se debruçar mais a respeito daquilo que você entende, que no nosso caso é se debruçar a respeito do que está acontecendo nas empresas para saber se as ações vão continuar entregando bons resultados. Uma boa coisa que a gente aqui tenta fazer às vezes é se desligar realmente do dia a dia e se focar naquilo que é mais importante, claro sempre com uma visão de longo prazo que é essa nossa nossa especialidade.

Breia, através de um registro final para os leitores da BP Money, qual o objetivo da plataforma Nord e como fazer para acompanhar o seu trabalho?

A Nord é uma casa de research independente, então ela tem como objetivo oferecer recomendações de investimento para qualquer tipo de investidor, seja ele novo ou velho, com muito ou pouco dinheiro, com experiência ou sem experiência. É uma pessoa que quer realmente tomar as rédeas da sua carteira de investimentos e oferecer ótimos ou, se não, os melhores investimentos para que eles consigam executar isso de forma fácil, além de também entender isso de forma bastante simples. A plataforma hoje tem um site gratuito com informações, nossas contas no Instagram são gratuitas também para quem quiser conhecer o primeiro trabalho. Cada assinatura tem um propósito ou tem uma classe como objetivo de recomendação. Então algumas pessoas podem assinar uma série, duas ou combos. E para acompanhar a gente, estamos em todas as redes sociais, desde o Twitter, ao Instagram e YouTube. A gente também publica bastante coisa no YouTube, conteúdo gratuito. Além do Instagram dos analistas da Nord.

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