MF traz oportunidades, mas também estresse e rotina com responsabilidades, diz ex-analista da XP

Marco Saravalle, fundador da SaraInvest, conta sobre seus passos no mercado e dá dicas de carreira para quem está começando ou pretende ingressar no mercado financeiro

O “boom” recente de influencers do mercado financeiro, aliado ao advento das fintechs, aumentou o interesse de muitos jovens brasileiros pelo setor. Apesar da crescente, o que pouca gente conta, no entanto, é que lidar com grandes volumes financeiros – diariamente – e entender as consequências que a administração pode trazer para o cliente final também trazem muito estresse e desafios homéricos, segundo afirma Marco Saravalle, ex-analista da XP e fundador da SaraInvest.

“No começo, é muita responsabilidade. Às vezes é estressante, porque tem grandes volumes financeiros envolvidos nas transações feitas diariamente. Quando você está na faculdade, é difícil conciliar. É uma rotina bastante intensa, é tudo muito dinâmico, fora a carga de conhecimento exigida neste mercado”, disse Saravalle. 

Em relação a experiência que o mercado financeiro exige, ele afirma que, no início, o mais importante é saber o tamanho da responsabilidade ao mexer com o capital alheio.

“Não necessariamente você precisa ser economista, administrador, engenheiro, passar por uma tesouraria ou por um grande fundo, mas é importante entender a responsabilidade de uma recomendação e de uma análise e como isso pode trazer consequências para os clientes finais, que pode ser uma pessoa física ou o caixa de um grande banco”, complementou o ex-analista da XP.  

Saravalle, que começou no mercado financeiro atuando na tesouraria do Citibank, também citou a importância de saber lidar com o amadurecimento rapidamente nesta profissão, para suportar a “pressão” no ambiente de trabalho. 

“Todo analista acaba amadurecendo muito rápido, porque precisa ter uma responsabilidade muito grande ainda muito novo. A gente está falando, às vezes, de algumas centenas de milhares de reais transacionados em poucas horas, em poucas operações. São valores muito expressivos”, afirmou. 

O executivo conta que um analista de um banco de investimentos, por exemplo, precisa fazer diversas avaliações quando uma empresa decide fazer um IPO (oferta pública inicial de ações), e isso acaba trazendo uma pressão ainda maior para quem está no início da carreira.

“Sempre tem um analista de um banco de investimento por trás de um IPO, fazendo a avaliação. Nesse caso estamos falando de uma responsabilidade para avaliar uma companhia em bilhões de reais, as ofertas somam centenas de milhares de reais. Acho que não é só a responsabilidade com os clientes, mas uma responsabilidade legal mesmo dessa parte financeira”, disse. 

Para Saravalle, o sucesso para os profissionais do mercado financeiro surge com a responsabilidade e os conhecimentos adquiridos pelo profissional ao longo da carreira. Além disso, ele destaca que saber apenas o básico não é o suficiente para se destacar. 

“É preciso ser muito responsável e ter muito conhecimento. Hoje, o mínimo exigido para um analista é ter conhecimento sobre economia, contabilidade e finanças. Precisa entender também de programação, outras línguas, e o mercado cada vez mais está somando responsabilidades ao conhecimento que um analista, profissional do mercado, precisa ter. Hoje não basta só conhecer do básico para você ser um grande profissional e ter sucesso”, afirmou o ex-analista da XP.

O setor financeiro do mercado de trabalho tem crescido bastante nos últimos anos. Em 2020, 35 mil pessoas foram contratadas por fintechs. Em 2021, 56 mil profissionais ingressaram na área, registrando um crescimento de 59% nas contratações. A área que mais reteve talentos foi a de tecnologia, de acordo com uma pesquisa realizada pela Gupy. Em 2021, o número de vagas oferecidas pelas fintechs aumentou em 466% frente a 2020, segundo a pesquisa publicada neste ano.