‘Empreenda, crie e faça acontecer’, diz CEO da LSB

Alvaro Schocair, CEO da Link School of Business e da Quebec Impact Assets, holding de investimentos em educação, energia renovável e saúde, destacou em conversa com a BP Money a sua relação com o empreendedorismo educacional e suas perspectivas no cenário brasileiro.

Alvaro formou-se em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV- EASP), ocupou o membro do conselho em negócios, e em junho de 2018, fundou a Link School of Business (LSB), com o objetivo de auxiliar empreendedores no desenvolvimento dos seus negócios. Atualmente, busca aprimorar o sistema educacional brasileiro e ser responsável por uma ressignificação do aprendizado.

Confira a entrevista completa:

 

O que te inspirou a qualificar pessoas no âmbito empresarial?

O que mais inspira é a falta de informação disponível hoje para quem quer por exemplo, empreender. A gente vê que o empreendedor brasileiro aprende as coisas de uma maneira muito pela tentativa e por erro. São poucos os órgãos que prestam a ensinar para quem quer ser dono de empresa ou aquilo que ele realmente precisa. Falta informação financeira, jurídica, tributária e falta informações de leis trabalhistas por exemplo, até mesmo de mercado de benchmarks internacional. Então, o empreendedor ele fica relegado ao Sebrae ou a esses cursos de pós graduação ou MBA em grandes instituições de ensino que nem sempre ensinam de uma forma direta. Você tem que fazer um curso gigante para extrair pouco valor ou pouco conhecimento útil, então eu acho que o que mais me inspira hoje é poder passar essas informações de uma forma direta e extremamente útil.

 

No cenário pós-pandemia, quais são as suas expectativas para o empreendedorismo?

Bom, num cenário pós pandemia, espero duas coisas: primeiro, aquele empreendedorismo que veio por necessidade, ou seja, que veio por conta de uma alta taxa de desemprego, onde a pessoa não tinha muito o que fazer, e então, ela vai fazer uma fábrica de bolo, ela vai fabricar marmita para vender para fora, ela vai ser uma representante comercial, que é o empreendedorismo que eu chamo por necessidade, ou seja, não tenho onde trabalhar, vou ter que criar o meu negócio aqui. Esse eu acho que diminuiu, e pós pandemia porque as empresas vão voltar a contratar a economia, volta a crescer, então as pessoas vão ter mais emprego e vão empreender menos. Por outro lado, existe o empreendedorismo que dá vazão aos sonhos de cada um. Aquelas pessoas que realmente querem fazer um negócio que tenha uma ideia para sanar um problema da sociedade, que tem uma ideia de produto ou ideia de serviço. Esse eu acho que aumenta muito, cada vez mais, o jovem que almeja ter as suas ideias testadas e quer ter as suas próprias empresas e ser dono do próprio umbigo, ao invés de trabalhar para alguém ou realizar o sonho de alguém. Então, acho que facilita muito o caminho do empreendedorismo.

 

Quais desafios você considera preponderantes para o empreendedor brasileiro?

Acho que o grande desafio do empreendedor brasileiro é não se deixar contaminar pelo meio. A gente tem um risco político muito grande, aspectos tributários que dificultam muito a condição de quem quer ter um negócio, aspectos trabalhistas de Leis reguladores, órgãos reguladores que fazem com que o sistema se alimente de uma forma nociva. A gente tem um ecossistema que não é favorável ao empreendedor brasileiro. O brasileiro é até visto como um cara que não faz o bem para a sociedade, como um cara que quer extrair valor, e não um cara que agrega valor. Então, infelizmente o empreendedor brasileiro precisa deixar de ler jornal. Ele precisa focar nos seus produtos, focar no seu serviço, nas necessidades dos seus clientes e principalmente, nas dores que ele está atendendo. Acho que esse é o maior desafio, ser lírio do lodo, ou seja, entender o que é o lodo e entender o que é esse meio que contamina até energeticamente as vontades dos empreendedores e continuar remando em frente, independente das opiniões alheias.

 

Atuando em São Paulo, mas lúcido do panorama educacional brasileiro, qual a sua perspectiva em relação à Bahia?

Bom, eu acho que, não só da Bahia, mas como um todo, eu acho que o que a tecnologia nos trouxe de presente foi estreitar esses laços de onde está o conhecimento com quem precisa beber do conhecimento. Então, independente de onde a gente está, São Paulo não faz um papel único e exclusivo de ser portador de conteúdo de conhecimento. Muita coisa da Bahia para cá também, essa troca de informações, conhecimento e relacionamento de pessoas brilhantes. Isso se acentuou muito nos últimos tempos, então graças à tecnologia, hoje essa barreira de Estado é uma barreira mais de mapa de geografia do que outra coisa. Não tem mais essa barreira de relacionamento. Então, hoje não existe um baiano que não consiga ter uma aula de um paulista, não existe um paulista que não consiga ter uma aula de um baiano, graças a Deus. Essas barreiras físicas e regionais estão cada vez menores com o advento das aulas online do EAD, das redes sociais e de tudo o que tem disponível, então acredito que seja um assunto mais de mapa do que de prática. Claro, o mercado consumidor de São Paulo é muito maior, mas a gente poderia comparar facilmente São Paulo com Nova Iorque por exemplo, e acho que vale a mesma premissa. Então, hoje estamos todos antenados, basta querer.

 

Quais conselhos e insights você considera essenciais para quem pensa em empreender?

O grande conselho, o grande insight é empreenda, crie e faça acontecer. Acredite que você pode, acredite no sonho que tem dentro de você. A gente tem uma educação muito voltada para as pessoas se formarem e virarem concursados públicos e funcionários de grandes empresas. Eu acho que isso faz parte da nossa programação educacional como um todo, e dá para ser diferente, basta acreditar. As pessoas acreditam pouco por conta de todas as dificuldades. É um assunto que a pessoa prefere a tranquilidade de ter um salário baixo, mas dá para ser muito diferente. Então, o grande conselho é coragem para fazer aquilo que você quer fazer para ser quem você é. É coragem para tirar do chão um produto ou serviço, uma companhia que possa fazer o bem para a sociedade como um todo isso. Isso é muito positivo.