Leite mais caro que gasolina: alta foi de 19,5% em um ano

Na capital paulista, preço médio da bebida é de R$ 6,79 contra R$ 5,95 do combustível

Em doze meses, o preço do leite subiu 19,5%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Com isso, o litro do leite já é mais caro que o litro da gasolina em cidades como São Paulo. 

Na capital paulista, segundo levantamento do Procon-SP em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) o litro do leite custa, hoje, em média, R$ 6,79. 

O valor supera em 14,1%, ou R$ 0,84, o preço de revenda do litro da gasolina que, no mês de julho, foi de R$ 5,95, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Ainda, o combustível caiu 13,5% no mês passado em São Paulo, em um movimento similar de outras cidades do país, conforme pesquisa da agência.

A queda de patamar dos preços da gasolina tem relação com o novo teto das alíquotas de ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias) sobre os combustíveis, que agora é limitado entre 17% e 18%. O texto foi sancionado com vetos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em junho. 

Já no caso do leite, a alta recente foi motivada, segundo análise do Procon-SP, pelo aumento do preço de captação de leite cru, matéria-prima que dá origem ao produto beneficiado nos laticínios. A produção diminuiu nos últimos meses e pressionou os valores dos derivados lácteos, como o leite UHT, o queijo muçarela e o leite em pó.

“O período de entressafra e o impacto da estiagem nas pastagens reduziram a oferta do leite que, somada aos altos custos de produção, com alimentação do gado e medicamentos, resultaram em elevação do preço do produto no campo. Do lado da demanda, tem havido disputa entre as indústrias de laticínios na compra da matéria-prima para a produção dos derivados lácteos”, explicou o Dieese.

Com isso, o leite foi destaque do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de julho. A inflação do grupo alimentos e bebidas acelerou de 0,80% em junho para 1,30% no último mês. A maior pressão veio do leite longa vida (25,46%) e dos derivados do insumo, como queijo (5,28%), manteiga (5,75%) e leite condensado (6,66%).

Segundo o Dieese, apenas entre maio e junho, o leite integral registrou aumento de preços em dezessete cidades. Entre elas, as maiores altas foram em Belo Horizonte, que observou um aumento de 23,09% no preço do leite UHT, Porto Alegre, com 14,67%, Campo Grande, 12,95%, e Rio de Janeiro, 11,09%.

Cesta básica nas capitais

Em junho, o valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em nove das dezessete capitais onde o Dieese realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. 

Entre maio e junho, as maiores altas ocorreram no Nordeste, nas cidades de Fortaleza (4,54%), Natal (4,33%) e João Pessoa (3,36%). 

Por outro lado, oito cidades apresentaram reduções no preço da cesta básica, sendo que as mais expressivas foram registradas no Sul: Porto Alegre registrou baixa de 1,90%, enquanto o valor dos alimentos básicos caíram 1,74% e 1,51% em Curitiba e Florianópolis, respectivamente. 

No ano de 2022, o custo da cesta básica apresentou alta em todas as cidades. O destaque do Dieese foi para as variações de Natal, onde aumentou 15,53%, Aracaju, com alta de 15,03%, Recife, onde subiu 15,02% e João Pessoa, que registrou alta de 14,86% até agora.

Em São Paulo, mais especificamente, foram registradas elevações em doze dos treze produtos da cesta nos últimos doze meses. Entre eles, o leite subiu 29,66% na cidade.