Fed sobe juro em 0,5 ponto percentual; Bolsas disparam

Apesar de esperada pelo mercado, é o primeiro aumento desta magnitude em 22 anos

O Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), anunciou na tarde desta quarta-feira (4) um aumento de 0,5 ponto porcentual em sua taxa básica de juros, o que corresponde a uma alta para um intervalo entre 0,75% a 1%. A decisão, comunicada após a reunião do Fomc (Federal Open Market Committee, na sigla em inglês), foi unânime. Apesar da alta, as bolsas dos EUA dispararam com os agentes do mercado mais tranquilos em relação a uma possível disparada nos juros.

O aperto monetário proposto pelo Fed ocorre em meio a uma tentativa das autoridades norte-americanas de conter a disparada da inflação no país, que chega em seu maior patamar em 40 anos. A medida, apesar de esperada pelo mercado, representa o primeiro aumento desta magnitude em 22 anos.

 

“O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo. Com o adequado fortalecimento da política monetária, espera que a inflação volte ao seu objetivo de 2% e o mercado de trabalho continue forte”, ressaltam autoridades do Fed, em comunicado.

Nesse contexto, investidores monitoram o ritmo de alta dos juros pelo Fed, considerando que um aperto monetário mais forte pode provocar uma desaceleração econômica nos EUA, uma das maiores economias do mundo.

Apesar da desaceleração da atividade econômica geral no primeiro trimestre deste ano, os gastos das famílias e o investimento fixo das empresas permaneceram fortes, de acordo com o comunicado. Integrantes do comitê também destacam que, nos últimos meses, os ganhos de emprego foram robustos, acompanhado da diminuição da taxa de desemprego nos EUA. Nesse sentido, o Fed acredita que novas altas de juros podem ser apropriadas.

Além disso, a decisão foi influenciada pelo contexto geopolítico e econômico global. A disparada da inflação no mundo reflete em desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, em especial nos preços mais elevados de energia.

Outro ponto considerado para a decisão do Fed foram os impactos da guerra na Ucrânia, que se estende há mais de dois meses. “A invasão da Ucrânia pela Rússia está causando enormes dificuldades humanas e econômicas. As implicações para a economia dos EUA são incertas”, reiterou em documento.

Por fim, o Fed aponta para as medidas mais restritivas na China para conter casos de Covid-19. Os bloqueios no país afetam a cadeia de suprimentos global, além de desacelerar uma das maiores economias do mundo. “Além disso, lockdowns na China devem intensificar as interrupções na cadeia de suprimentos. O Comitê está altamente atento aos riscos inflacionários”, reiterou.