EUA terá inflação alta em 2022 e 2023, diz presidente do Fed de Cleveland

Inflação dos preços ao consumidor (IPC) nos EUA bateu recorde em fevereiro deste ano, chegando a 7,9%

A presidente do Federal Reserve (Fed) de Cleveland, Loretta Mester, afirmou, durante entrevista ao programa “Face The Nation”, da CBS, que a inflação nos Estados Unidos seguirá alta neste ano e em 2023. As informações são da “Reuters” e foram publicadas neste domingo (10).

Mester afirmou que, com o aumento da taxa de juros pela autoridade monetária, os empréstimos residenciais, de automóveis e outros dessa linha ficam mais caros, o que ajuda a reduzir o excesso de demanda, que está, segundo ela, superando a oferta restrita. “Isso reduzirá as pressões de preços”, afirmou Mester durante o programa.

Vale destacar que a inflação dos preços ao consumidor (IPC) anual nos EUA bateu recorde em fevereiro deste ano. O indicador ficou em 7,9% no mês em questão, chegando ao seu maior nível em 40 anos. O mercado espera que o IPC de março siga em tendência de avanço, com a taxa anualizada batendo 8,5%. O indicador econômico será divulgado na quarta-feira (13).

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Outros dados econômicos importantes dos EUA também serão divulgados nesta semana, como inflação de preços ao produtor, produção industrial, vendas no varejo e pedidos por seguro-desemprego. 

Na última ata divulgada pelo Fed, o banco central norte-americano informou que aumentos mais rigorosos do juros estavam em seus planos para os próximos meses. 

Como a alta de juros nos EUA impacta a economia do Brasil?

O aumento da taxa de juros nos EUA, utilizado para conter a inflação, faz com que os títulos emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos fiquem mais atraentes. Isso porque, além de já serem mais seguros em relação aos títulos públicos de outras economias, o rendimento deles aumenta, o que estimula o fluxo de capital estrangeiro no país. 

Dessa forma, o dólar acaba se fortalecendo e, consequentemente, ganha valorização em relação a outras moedas. Entre essas moedas, as de mercados emergentes são as que mais sofrem, o que é o caso do Brasil. Ou seja, é natural que o dólar se valorize frente ao real, conforme o juros nos EUA aumenta.

Outro ponto importante, que pode ser impactado, é em relação aos produtos importados. O petróleo é uma commodity negociada em dólares. Se o dólar está valorizado, o preço dos combustíveis tende a subir e, dessa forma, não só o combustível como diversos outros produtos passam a ficar mais caros, o que culmina em uma inflação mais alta no cenário interno. 

Por outro lado, neste ano, o Brasil está com o real em um movimento de valorização frente ao dólar. Isso porque investidores estão saindo das bolsas dos EUA por causa da grande possibilidade de alta de juros. Assim, mercados emergentes, como o do Brasil, chamam a atenção dos investidores. Além disso, os juros altos no cenário interno e a tendência de alta atrai ainda mais os investidores. Em suma, isso significa que o movimento de saída de investidores do Brasil pode ser menor, mesmo com a alta de juros sinalizada pelo Fed nos EUA para conter a inflação, já que o momento econômico do País é diferente do ano anterior.