Dificuldade com fatura do Nubank? Saiba como evitar cair no rotativo

Segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio), 77,7% das famílias estão endividadas

O brasileiro cada vez mais vem tendo dificuldade em pagar a fatura do seu cartão de crédito, como a do Nubank e de outros bancos. Segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio), 77,7% das famílias estão endividadas. Entre essa parcela, 88,8% afirmam que o cartão de crédito é a principal dívida. 

Para Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão Financeira da FGV, o brasileiro tem tido dificuldade para pagar a fatura do cartão por dois motivos. 

“O primeiro deles é falta de planejamento. As pessoas, normalmente, quando fazem compras, pensam nas parcelas que vão vencer daquela compra. Mas não lembram de todas as outras despesas que tem durante o mês, inclusive de outras compras que já foram feitas ou virão a ser. É muito fácil para qualquer um fazer uma compra que caiba no seu bolso e dividir”, afirmou o especialista em entrevista ao BP Money.

“O segundo grande problema é quando a pessoa realmente está numa situação difícil e decide fazer a compra para depois resolver como irá pagar. São casos mais raros, mas acontece e é um risco que a pessoa está correndo”, completou Teixeira.

Quando não pagam a fatura integralmente, o indivíduo acaba caindo no rotativo, linha de crédito pré-aprovada, uma espécie financiamento do cartão de crédito. Seu cartão já é um crédito pré-aprovado disponível para ser utilizado durante 30 dias. 

Ao final desse período, caso não consiga realizar o pagamento integral da fatura, entrará automaticamente no rotativo. Para o economista, Ricardo Macedo, a falta da educação financeira proporciona que os brasileiros, cada vez mais, entrem no rotativo. 

“Sei que é difícil, pelas próprias condições do país, mas é importante que as pessoas busquem uma educação financeira, na qual consiga realizar algum tipo de economia. Terá que se organizar com o que irá gastar, para, num primeiro momento, conseguir pagar suas dívidas para, em seguida, poupar e conseguir fazer uma reserva substancial”, explicou Macedo. 

“Por falta de conhecimento e da educação financeira, as pessoas usam o cartão de crédito como ‘dinheiro na conta’ e não é. Apenas posterga um pagamento. O planejamento é fundamental para evitar que caia na armadilha do crédito rotativo”, salientou o economista.

Apenas 16% dos brasileiros pagam em dia a fatura do cartão

De acordo com um levantamento realizado pelo CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), apenas 16% dos brasileiros pagam em dia a fatura do cartão de crédito. 

Segundo a pesquisa, os inadimplentes preferem priorizar contas como aluguel (84%), plano de saúde (82%) e condomínio (78%). 

“Quando não se faz um bom planejamento, acaba dando prioridade a algumas, mas todas devem ser prioridades. Como há a possibilidade de fazer o parcelamento da fatura do cartão, acaba virando um alívio momentâneo. Porém, ao longo do tempo, pode se tornar uma bola de neve e, quando for olhar no final do ano, o que gastou de juros foi algo absurdo”, avaliou Teixeira. 

Ao mesmo tempo em que atrasam os pagamentos, os brasileiros costumam, ainda assim, ter muitos cartões de crédito. De acordo com uma pesquisa da Serasa eCred, 29% dos brasileiros têm cinco ou mais cartões de crédito, enquanto 18% afirmaram ter quatro cartões. Já a parcela que tem três cartões corresponde a 23%, ao passo que 21% têm dois.

“As pessoas que têm muitos cartões de crédito, normalmente elas aceitaram esses cartões que, às vezes, chegam até sem anuidade. Se alguém te oferece um serviço sem anuidade, é porque já espera que você faça compras no impulso. Por não ter uma conta única, algumas pessoas acabam se perdendo e ficam sem saber quanto está devendo em cada um”, disse Teixeira.

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Ainda de acordo com o especialista em gestão financeira, o correto é ter apenas um cartão de crédito. “Ali você concentra e consegue ver, com maior facilidade, se algo fugiu do controle no final do mês. Quando se tem vários problemas ao longo do mês para resolver, pode ir tentando solucionar, mas não conseguirá ver o tamanho. Da mesma forma de que, vai construindo todas aquelas dívidas, não consegue perceber o montante total, pois elas vão chegar de forma fracionada na fatura do cartão”.