Conheça 5 fundos para investir fora do Brasil

O aumento das incertezas econômicas e políticas para o país em 2022 desperta interesse nos investimentos no exterior

Com o aumento das incertezas econômicas e políticas para o Brasil em 2022, os investimentos no exterior passaram a despertar crescente interesse entre os investidores brasileiros ao longo dos últimos meses.

E, embora as gigantes americanas de tecnologia estejam, de fato, entre as principais apostas quando se pensa em uma alocação global para a carteira, gestores de fundos que vêm se destacando nos últimos 12 meses dizem que têm explorado uma gama bem mais ampla de opções no mercado global.

Ações de conglomerados do setor de saúde ou mais relacionadas ao tema de reabertura das economias desenvolvidas, bem como alternativas na renda fixa internacional em um cenário de alta da inflação, são alguns dos temas que estão sendo capturados globalmente.

 

VERDE AM MUNDI AÇÕES GLOBAIS FIC FIA – IE

Segundo Thiago Harada, cogestor da estratégia de ações globais da Verde Asset Management, ao avaliar o investimento global dentro de uma diversificação de carteira, o investidor precisa ter em mente que o processo de internacionalização contribui para a redução do risco dos investimentos, à medida que adiciona exposição a papéis e setores que guardam baixa ou nenhuma relação com o que acontece no Brasil.

“A descorrelação é um conceito importante dentro da carteira, de modo a evitar que todos seus investimentos se movam da mesma forma em momentos de aumento da aversão ao risco”, diz o especialista.

No portfólio do fundo de ações globais da gestora, Harada aponta nomes populares de algumas das principais big techs americanas, como Google e Microsoft, mas também negócios menos conhecidos por aqui.

Entre eles, o gestor da Verde Asset cita a Lowe’s, empresa americana do ramo de material de construção, e a Republic Services, que atua no setor de reciclagem.

“São empresas de alta qualidade que vão conseguir atravessar os riscos e pegar a continuidade da volta econômica no pós-pandemia”, diz Harada.

Nos 12 meses encerrados em outubro de 2021, o fundo Verde Am Mundi Ações Globais teve valorização de 25,3%, considerado tanto o desempenho da carteira de ações como do dólar. No mesmo intervalo, o Ibovespa avança 10,1%.

 

NEXTEP GLOBAL EQUITIES LONG ONLY

Sócio e diretor de distribuição e de relações com investidores da Nextep Investimentos, Rodrigo Lobo cita GE (General Electric) e Berkshire Hathaway como as principais apostas no portfólio relativamente concentrado em pouco mais de uma dezena de papéis do fundo Nextep Global Equities Long Only. Em 12 meses, o fundo sobe 29,3%.

Segundo Lobo, embora a conjuntura macroeconômica naturalmente seja levada em conta nas discussões internas da gestora em busca das melhores oportunidades no mercado, são aspectos particulares relacionados a cada negócio que acabam tendo um peso bem maior na hora de fazer a seleção.

No caso da GE, a condução que tem sido dada ao negócio pelo presidente da empresa, Henry Lawrence Culp, no cargo desde 2018, é fundamental para sustentar a visão positiva dos gestores em relação à evolução para o negócio nos próximos anos. “[Henry Lawrence Culp] É um excelente gestor, mais do que provado, totalmente focado em aumentar a eficiência da operação da companhia”, diz Lobo.

Ele acrescenta que, no que diz respeito ao investimento nas ações do conglomerado financeiro Berkshire Hathaway, a capacidade de gestão de Warren Buffett para tocar o negócio em ramos diversificados de atuação, que vão de ferrovias a operações de seguros, é também um ponto fundamental que pesa a favor da alocação.

“O valor da soma de todos os negócios embaixo do guarda-chuva da Berkshire é muito maior do que o mercado está pagando pelas ações”, afirma o especialista. Ele diz que o portfólio do fundo tem espaço ainda para o setor de tecnologia, por meio de uma posição relevante em Google, frente às avenidas de crescimento que a empresa ainda tem a explorar em áreas como computação na nuvem e YouTube.

 

WESTERN ASSET FIA BDR NÍVEL I

Maurício Lima, superintendente de produtos da Western Asset, aponta, por sua vez, o segmento de laboratórios farmacêuticos e de biotecnologia, por meio de empresas como Thermo Fisher Scientific, Zoetis e BioMarin Pharmaceutical, entre os papéis na carteira do fundo Western Asset FIA BDR Nível I, que tem valorização de 33,3% nos 12 meses encerrados em outubro de 2021.

Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são recibos negociados na Bolsa de Valores do Brasil que replicam o desempenho de ações negociadas originalmente no mercado internacional e que estão sujeitos à variação cambial.

“É um fundo que provê para o investidor uma alternativa ao Risco Brasil de forma permanente. E, se estruturalmente já faz sentido ter uma diversificação geográfica e de moedas, dada toda incerteza fiscal e econômica que deve perdurar no ano que vem com as questões eleitorais, essa diversificação faz ainda mais sentido”, diz o superintende da Western Asset, que, em linha com os pares, também cita o setor de tecnologia como presença importante no fundo, via nomes como Facebook, Microsoft, Apple e Nvidia.

 

BRADESCO FIC GLOBAL AÇÕES INVESTIMENTO NO EXTERIOR

Superintendente da Bram, Rodrigo Santoro Geraldes diz que a rentabilidade de cerca de 30% do fundo FIC Global Ações Investimento no Exterior se deve a uma visão bem mais favorável neste momento para o mercado acionário dos Estados Unidos, em detrimento a emergentes como China e América Latina.

Ele afirma que tanto o setor de tecnologia nas Bolsas americanas deve seguir tendo um forte desempenho mesmo em um cenário de juros mais altos, diante do processo de digitalização que só deve ganhar força nos próximos anos, como também aquelas empresas de caráter mais cíclico continuarão a surfar o processo de reabertura das economias ao longo do ano que vem.

“Hoje cerca de 80% do risco da carteira do fundo está voltada para os EUA, com uma posição abaixo da média em emergentes”, afirma o superintendente da Bram.

Geraldes diz que o ambiente global se desenha mais desafiador para 2022 com a inflação alta e o processo de enxugamento da liquidez nos mercados prometendo dias de intensa volatilidade, o que recomenda, portanto, uma postura mais conservadora.

 

VINLAND MACRO PLUS FIC FIM

Na Vinland Capital, o gestor de juros e moedas, Jose Oswaldo Monforte, diz que o processo de alta dos juros pelo Federal Reserve (banco central americano) é um dos principais pontos de atenção no radar para 2022.

Monforte afirma que o resultado recente dos fundos multimercados da casa ?o Vinland Macro Plus FIC FIM tem valorização de cerca de 17% nos 12 meses terminados em outubro de 2021? se deve em grande medida às posições que se beneficiaram do processo de início de aumento nos juros em mercados emergentes ao longo do último ano.

Juros em países da América Latina como Chile, Colômbia e México, e também do Leste Europeu, como Polônia, Hungria e República Tcheca, tiveram de ser elevados e proporcionaram ganhos para a carteira, diz Monforte.

“Ainda que em diferentes fases, a inflação acabou aparecendo em quase todos os lugares pelo choque de oferta que se juntou com o choque de demanda reprimida”, afirma o gestor da Vinland Capital. Ele prevê que, após o movimento nos emergentes, devem ser a partir de agora os desenvolvidos a iniciar algum tipo de normalização de suas políticas monetárias.

“Estamos dedicando bastante atenção à dinâmica da curva de juros nos EUA”, diz Monforte, que prevê que o banco central americano será obrigado a subir os juros acima do que está sendo precificado hoje pelo mercado.