Caixa: áudios revelam Pedro Guimarães xingando e ameaçando funcionários de demissão

Relatos de assédio moral vieram à tona após ex-presidente do banco ser acusado de assédio sexual

O ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Duarte Guimarães, teve áudios revelados pelo “Metrópoles”, onde aparece xingando e ameaçando funcionários de demissão. Na quarta-feira (30), Guimarães pediu demissão após ser acusado de assédio sexual por um grupo de funcionárias do banco. 

Em um dos áudios obtidos, que mostra as falas de Guimarães em uma reunião, ele diz “Caguei para a opinião de vocês porque eu que mando. Não estou perguntando. Isso aqui não é uma democracia, é a minha decisão”. 

Já em outro áudio, o economista insinua que funcionários poderiam ser demitidos caso tomassem decisões sem consultá-lo. “Vocês são malucos. Vocês só têm a perder. Não tem que ligar para ninguém. Se eu não dei ok, não dei ok e acabou. Por que vocês vão tomar o risco de perder a função por uma coisa que eu não autorizei?” questiona. 

Guimarães havia sido indicado ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2019. No texto entregue ao presidente na quarta-feira, oficializando seu pedido de demissão, Guimarães negou as acusações e disse ter sido colocado em uma “situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade”. 

Bolsonaro escolheu Daniella Marques, atual responsável pela Secretaria de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, para ocupar o cargo de Guimarães. Marques é vista como o “braço direito” de Paulo Guedes, sendo uma figura bastante reconhecida por suas habilidades administrativas no Ministério da Economia.

Casos de assédio na Caixa vêm à tona

De acordo com a reportagem do “Metrópoles”, Guimarães colocava pimenta nos pratos dos funcionários e os obrigava a comer durante as viagens de trabalho. “Quanto mais você chora e passa mal, mais ele ri. Ele é bem sádico. Em toda refeição de trabalho com ele, tinha pimenta no prato de alguém”, afirmou uma servidora da Caixa.

Em 2021, ele já havia sido notificado pelo Ministério Público do Trabalho após colocar funcionários para fazer flexões durante um evento de fim de ano.

De acordo com uma pesquisa da Fanae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal), realizada entre novembro e dezembro de 2021, seis em cada dez funcionários do banco estatal afirmaram ter sofrido assédio moral no ambiente de trabalho. 

A Caixa Econômica Federal adimitiu em nota que recebeu denúncias de assédio e abriu uma investigação interna para apurar o caso, mas sem citar o nome de Guimarães.