Bancos europeus não devem se beneficiar de alta nos juros

No curto prazo, as instituições podem ter de se contentar com recompras de ações e distribuição de dividendos

Por mais que muitos acreditem que juros mais elevados podem beneficiar os bancos europeus, a realidade é um pouco diferente para o setor e é preciso entender a situação antes de apostar nas instituições. 

As ações bancárias do continente têm registrado bons resultados durante este mês de janeiro, apesar da queda vista nos mercados em geral. No acumulado de 2022, os papéis apresentam valorização de aproximadamente 6%. 

É esperado que haja aumento de juros em diversos países, entretanto a zona do euro está um pouco ‘atrasada’ em relação ao Reino Unido e aos Estados Unidos, por exemplo.

Como a receita dos bancos geralmente sofre aumento frente a uma alta nos juros, muitas pessoas acham que o processo é simples assim. Porém, para que os retornos bancários se normalizem é preciso excluir as medidas de apoio financeiro extraordinárias adotadas em resposta à pandemia, algo que não se faz com tanta rapidez.

Enquanto a pandemia estava em seu ápice, reguladores bancários europeus estabeleceram regras para garantir o bom funcionamento do “encanamento financeiro”, a fim de garantir que os bancos seguissem emprestando e mantendo colchões saudáveis de capital, com ajustes de taxas interbancárias, corte de exigências de capital, além de veto a dividendos e bônus.

As medidas protegeram o setor de uma severa crise e, tendo em vista que o pior já passou, agora é o momento de reduzir o apoio, gradualmente. 

A proibição do retorno aos acionistas já foi retirada, o que deve gerar uma onda de recompras e dividendos neste ano.

O recuo em outras políticas, por sua vez, deve demandar mais tempo, sendo difícil prever como o processo afetará os lucros bancários.

O importante é ter em mente que, no curto prazo, as instituições podem ter de se contentar com recompras de ações e distribuição de dividendos. Mais adiante, pode-se esperar que os juros mais elevados signifiquem lucros maiores para os bancos.