Copom: Banco Central não deverá cortar Selic ainda

O Copom do BC decidirá na próxima quarta-feira se irá manter a taxa Selic no patamar atual de 13,75%

O Copom (Comitê de Política Monetária) decidirá nesta quarta-feira (21) se irá manter a taxa básica de juros no patamar atual de 13,75%. De acordo com analistas consultados pelo BP Money, é consenso no mercado que a Selic não será alterada, no entanto é esperado que o Banco Central sinalize a possibilidade de cortar juros a partir do segundo semestre.

“A expectativa para a reunião do Copom é que o Comitê mantenha a taxa Selic no patamar atual de 13,75%, e provavelmente dê alguma sinalização que o momento de corte esteja próximo, além de indicar o tom e as sinalizações que vão ditar as expectativas para as próximas reuniões”, disse Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.

Segundo Fernando Bento, CEO e sócio da FMB Investimentos, os índices de inflação têm tido uma leve melhora nos últimos meses, porém ainda não são suficientes para que o BC promova uma queda na taxa Selic. Por conta disso, é preciso esperar pelo comunicado do Copom, que sairá logo após a decisão sobre os juros e poderá sinalizar algum tipo de corte para as próximas reuniões.

“O Copom sempre está olhando a inflação, a inflação corrente e as expectativas de inflação futura. Apesar desses dados terem melhorado nos últimos meses, o BC já tem sinalizado há algum tempo que isso ainda não é suficiente para uma redução dos juros”, afirmou.

“No entanto, devemos ficar muito atentos, pois o fato mais importante desta reunião será o comunicado do Copom, que irá sair logo após a decisão sobre os juros. É esperado que esse documento antecipe alguma queda na taxa de juros nas próximas reuniões”, acrescentou Bento.

Fed poderá postergar a queda dos juros no Brasil?

Na última quarta-feira (14), o Fed (Federal Reserve, o BC norte-americano), anunciou a manutenção dos juros no atual patamar e interrompeu o ciclo de alta iniciado em março do ano passado.Os juros seguiram no intervalo entre 5% e 5,25%, maior patamar desde 2007. Logo após a decisão monetária, o dólar recuou 1,14%, cotado a R$ 4,80, o menor patamar desde 6 de junho de 2022.

Na época, em entrevista ao BP Money, Luan Alves, analista-chefe da VG Research, explicou que o arrefecimento da inflação norte-americana tem feito os investidores estrangeiros desenvolverem um apetite maior ao risco, beneficiando diversos países emergentes, como o Brasil.

“Estamos vendo um movimento global de pró-risco. Com a melhora do quadro de inflação nos EUA, muitos investidores estão investindo em países emergentes, como México, Brasil, Chile e Colômbia. Está havendo uma grande entrada de fluxo de capital estrangeiro”, relatou Alves.

Em meio a entrada de dinheiro estrangeiro, uma pergunta tem intrigado alguns investidores: o BC brasileiro poderá postergar uma possível queda dos juros para evitar a fuga de investidores? Na visão de Calil Filippelli, gestor de fundos da Ouro Preto Investimentos, é muito improvável que isso aconteça.

“É muito difícil que isso aconteça. De acordo com o que foi publicado nas últimas atas do Copom, o foco da manutenção da Selic tem sido a estabilidade de preços. Acreditamos que o mercado não tenha tanto apetite para absorver capital externo com o CDI em 13,65% e isso também iria desincentivar a entrada de capital estrangeiro e doméstico na B3, argumentou.

Rodrigo Correa, estrategista chefe e sócio da Nomos, ainda reitera que não é função do BC controlar a entrada e saída de capital estrangeiro do País, mas sim equilibrar os índices inflacionários.

“Eu acho muito pouco provável o BC agir nessa linha até porque não é o papel dele. O mandato da autoridade monetária é de ativos, preço de coisas estáveis, ou seja, inflação. Não tem nada a ver com a entrada ou não de capital estrangeiro”, pontuou Correa.