Banco Central eleva Selic para 13,25% ao ano, em linha com o consenso do mercado

BC acredita que o aumento de 0,5 p.p. da taxa de juros desta quarta-feira (15) sinaliza o fim do ciclo de alta

O Banco Central do Brasil subiu a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, levando a Selic para 13,25% ao ano em 2022. O anúncio veio dentro do esperado pelo consenso do mercado financeiro, diante da inflação persistente, que está em 11,73% no País no acumulado dos últimos doze meses. Esta é a 11ª alta consecutiva da taxa básica de juros brasileira.  

O atual ciclo de alta dos juros básicos teve início em março de 2021. No último boletim Focus, divulgado em 6 de junho, o BCB havia revisado a expectativa da Selic em 2022 de 12,75% ao ano para 13,25%. Mas, ante a taxa persistente de inflação e o cenário global inflacionado, com a demanda externa pressionando o valor das commodities, analistas apontam que este pode não ser o adeus do ciclo de alta da Selic. 

Assim, este seria o último anúncio de aumento da taxa básica de juros do mercado brasileiro, de acordo com o BC. Mas, ante a taxa persistente de inflação e o cenário global inflacionado, com a demanda externa pressionando o valor das commodities, analistas apontam que este pode não ser o adeus do ciclo de alta da Selic.

O BC insiste, no entanto, que, considerada a trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 4,90, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC), o cenário supõe trajetória de juros que termina 2022 em 13,25% ao ano.

“Reduz-se para 10,0% em 2023 e 7,50% em 2024. Optou-se por manter a premissa de que o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses, terminando o ano em US$110/barril, e passa a aumentar 2% ao ano a partir de janeiro de 2023. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro de 2022, de 2023 e de 2024. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 8,8% para 2022, 4,0% para 2023 e 2,7% para 2024 […] O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual e cresceu desde a última reunião”, afirmou o comitê no comunicado divulgado nesta quarta-feira (15).

A desancoragem das expectativas de inflação de 2023 se intensificou desde a última decisão do BC. A deterioração no balanço de risco fiscal impulsionou os riscos de uma alta adicional sobre os juros na próxima reunião do Copom, em agosto. 

Analistas falam em aumento de mais 0,5 ponto percentual sobre a taxa atual, jogando a Selic para 13,75% ao ano. Há ainda aqueles que projetam uma taxa básica de juros mais alta neste ano, caso o Banco Central trabalhe para levar a inflação para a meta em 2023.

O anúncio foi feito nesta quarta-feira (15), data em que se reuniram os comitês dos bancos centrais brasileiro e norte-americano. As expectativas para os comunicados sobre aumentos dos juros nos dois mercados provocaram quedas no mercado nesta semana. No dia, o Ibovespa encerrou o ciclo de oito pregões negativos que havia engatado nas últimas semanas – maior série de baixas desde 2015 -, com alta de 0,80%, a 102.876 pontos.