Educação financeira

Taxa de juros: o que é e como impacta nos investimentos

A taxa de juros representa uma remuneração aplicada a um empréstimo, mas não se limita a tal característica

A taxa de juros talvez seja um dos conceitos mais importantes para o investidor aprender antes de começar a aplicar seu dinheiro, pois ela é essencial para compreender o quanto o mesmo pode ganhar ou perder ao investir ao longo do tempo. 

A taxa de juros representa uma remuneração aplicada a um empréstimo, mas não se limita a tal característica. Os juros também estão entre os principais conceitos do mercado financeiro e de toda a economia. Em outras palavras, a rentabilidade de qualquer operação, seja na forma de dividendos ou de dinheiro, pode ser classificada como juros.

O que é taxa de juros

Basicamente, juros são uma porcentagem aplicada sobre um valor, durante determinado período de tempo. Ou seja, ele está diretamente relacionado a esses dois fatores. 

A partir daí, bancos e instituições financeiras fazem uma espécie de meio-campo entre quem tem o dinheiro e quem precisa daquela quantida. Nessa negociação surgem os juros. 

Em resumo, o tomador do dinheiro devolverá ao banco um valor maior do que foi emprestado e o investidor vai receber um montante maior do que o investido. É nesse momento que surge a taxa de juros, que é calculada em percentual.

Como calcular taxa de juros

A taxa de juros é o percentual calculado pela divisão dos juros que foram contratados pelo capital emprestado/poupado. Por exemplo, se uma pessoa emprestou R$ 10 mil a um amigo e combinou de adicionar uma taxa de juros de 9% a.a. (ao ano), o cálculo será feito da seguinte forma:

Juros/capital. Ou seja, 900/10.000 = 9/100 ao ano = 9 a.a. 

R$ 10.000 (capital emprestado) + R$ 900 (juros) = R$ 10.900.

Vale salientar que essa conta pode mudar dependendo do tempo que o dinheiro ficará emprestado e do tipo de juros empregado. 

Tipos de juros

– Juros simples: Os juros simples são negociados com antecedência e não mudam com o passar do tempo. Eles se refletem apenas no valor inicial do empréstimo ou do investimento. 

Seguindo o mesmo exemplo citado acima, se aquele empréstimo tivesse duração de dois anos, o total de juros será R$ 900 no primeiro ano e R$ 900 no segundo ano. Ao final do período, o tomador vai devolver o valor principal e os juros simples de cada ano. Assim, o valor devolvido será de: R$ 10.000 + R$ 900 + R$ 900 = R$ 11.800.

Isso ocorreu porque os juros foram calculados sempre em cima do valor original, ou seja, nos R$ 10 mil. 

– Juro composto: esses são os juros sobre juros. Eles continuam agindo durante todo a duração do empréstimo, débito ou investimento. Dessa forma, a soma é feita sobre o valor inicial e também sobre os juros dos meses anteriores.

Vale destacar que esse é o tipo de juros que deixa os endividados de orelha em pé, especialmente no cheque especial, porque provoca um efeito de bola neve em que quanto mais tempo o débito se mantém maior fica o valor a ser pago.

Exemplificando, no empréstimo de R$ 10 mil, com taxa de juros composta de 9% a.a., com duração de 2 anos, o total de juros será de R$ 900 no primeiro ano, como ocorreu com o juros simples. 

A história muda a partir do segundo ano, quando o juro pago no primeiro ano é somado ao capital inicial (R$ 10.000 + R$ 900 = R$ 10.900) e a base de cálculo do juro passa a ser R$ 10.900. O resultado é que, no segundo ano, os mesmos 9%a.a. somam R$ 981 – 9% de R$ 10.900.

No final de dois anos, o valor a ser devolvido é R$ 11.881. A diferença pode parecer pequena, de apenas R$ 81 neste exemplo, mas o potencial dos juros sobre juros é ir crescendo com o tempo, formando um efeito bola de neve.

– Juros de mora: Juros de mora ou moratória reincidem sobre o valor de acordo com o período de atraso. Ou seja, quem não paga o combinado dentro do prazo deve arcar com essa indenização adicional.

– Juros nominais: envolvem as correções monetárias sobre o valor em questão. Boa parte dos financiamentos é calculada levando em conta esse tipo de juros, porque ele considera a inflação do momento.

– Juros reais: são o contrário dos nominais. Não incluem correção monetária e inflação em seu cálculo. Consequentemente, se a inflação em um período for igual a zero, tanto os juros nominais quanto os juros reais terão o mesmo valor.

– Juros rotativos: é uma cobrança por atraso no pagamento da fatura do cartão de crédito ou de um financiamento.

– Juros sobre capital próprio: esse tipo é calculado com base no lucro obtido por uma empresa. Geralmente, empresas distribuem pelo menos parte desse valor a seus acionistas.

Taxa fixa x taxa variável

– Taxa fixa: como o nome já sugere, a taxa fixa proporciona com que o investidor saiba quais serão os juros aplicados no momento de investir ou realizar um empréstimo. 

Portanto, por mais que o mercado e economia sofram grandes alterações, as taxas fixas são mantidas durante todo o período contratado. É uma opção mais indicada para quem prefere não correr riscos desse tipo. 

Entretanto, alguns acontecimentos podem atrapalhar o rendimento conquistado com a taxa fixa. Por exemplo, se a inflação sobe muito, o dinheiro aplicado em uma taxa fixa tem grandes chances de valer menos quando for resgatado.

– Taxa variável: os juros cobrados podem variar ao longo do tempo. Com esse tipo de taxa, é praticamente impossível saber exatamente os rumos que os juros vão tomar. É uma incerteza, que pode trazer resultados bons ou ruins, dependendo das variações ocorridas.

Como as taxas influenciam no bolso

Os juros estão presentes no dia a dia, como em empréstimos, cartão de crédito e itens básicos que consumimos em nossas rotinas. Como exemplo, quando se utiliza o cheque especial, os juros vão agir no seu débito enquanto não pagar por completo. 

Além disso, elas também atuam nos investimentos. Escolher entre uma taxa prefixada ou pós-fixada, por exemplo, pode ser determinante para que a rentabilidade dos títulos seja positiva ou não. 

Taxa de juros x taxa Selic

A taxa de juros mais conhecida no Brasil é a Selic, pois é a taxa básica de juros da economia nacional definida pelo Banco Central. Isso significa que a Selic acaba influenciando todas as outras taxas de juros como a de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.

Em resumo, o valor da Selic aponta o que o governo paga de juros para as instituições financeiras que compram títulos públicos do Tesouro Nacional. Quando o Banco Central quer reduzir a inflação, ele aumenta a Taxa Selic porque, assim, aumentará o “custo” do dinheiro.

Com isso, torna-se mais caro pegar empréstimos, fazer financiamentos e consumir. A redução do consumo força uma redução da inflação.

Tipos de juros nos investimentos

– Juros prefixados: São utilizados em diversos investimentos de renda fixa. Com eles, o investidor sempre ficará sabendo a rentabilidade antes de aplicar o seu dinheiro, pois há um juros pré-estabelecido e essa taxa não sofrerá alteração ao longo do tempo.

– Juros pós-fixados: Aqui a rentabilidade sobre o valor investido vai depender das variações das taxas de juros ou da inflação. É preciso ficar atento, pois a rentabilidade irá variar de acordo com o indexador pré-definido. 

– Juros híbridos: Agrega os dois tipos de juros citados acima. Assim, há uma remuneração fixa + um valor variável. Por exemplo, um título pode pagar 3% a.a. + IPCA nos próximos 5 anos. Existe aí uma taxa fixa (3%) e outra que vai variar ao longo do tempo (IPCA). São usados por investidores que desejam se proteger da inflação, por exemplo, e ainda ter algum ganho real.