Ainda somos uma nação que ingere poucas frutas e verduras — pelo menos diante do que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) —, exagera na carne vermelha e em alguns itens industrializados e se limita a uma baixa variedade alimentar, considerando a riqueza e a diversidade do país. No entanto, o esforço em ter uma alimentação saudável é uma constante na vida do brasileiro.
O ESG - sigla que olha para questões ambientais, sociais e de governança - está cada vez mais presente na agenda das empresas e afeta todo tipo de negócio em grande escala. Recente pesquisa da consultoria Mckinsey revelou que 85% dos brasileiros dizem que se sentem melhor comprando produtos sustentáveis. Uma enquete global mostra também que 97% dos entrevistados esperam que as marcas solucionem problemas sociais.
Temos três parâmetros na mesa: 1. Pessoas que querem se alimentar melhor; 2. Necessidade das empresas de alinharem a ao ESG por solicitação dos seus clientes; e 3. existe uma agenda global de evolução na sustentabilidade.
Como diria Naval Ravikant: ''You will get rich by giving society what it wants but does not yet know how to get. At scale'' (em tradução literal: Você ficará rico dando à sociedade o que ela deseja, mas ainda não sabe como conseguir. Em escala.)
O Alimento orgânico é exatamente o que a sociedade quer, e não criptomoedas. Um alimento nutritivo, sem agrotóxico e com processos produtivos que protegem o planeta. Os desafios que esse produto encontrava se davam principalmente pela questão de preço, continuidade e qualidade (visual). E isso, hoje, é possível solucionar. Nos últimos anos esses desafios têm sido endereçados e a consequência não poderia ser outra que não o crescimento do mercado que tem dobrando de tamanho a cada três anos.
Desde o início do ano quando fiz o exit de meu primeiro negócio no setor de seguros, decidi me dedicar a ajudar empresas que têm um bom “underline business” porém possuem desafios de gestão financeira. Nessa categoria, passei a atuar como conselheiro do Rancho SFP.
Um empreendimento que fica localizado na região serrana do RJ, e possui cerca de 120 estufas (expandido para mais de 200) e o negócio tem a sustentabilidade entre seus principais pilares. Produz em menos de 5% de sua área preservando o restante, enquanto a maioria dos negócios segue a regra de 80/20. dentro do processo produtivo encontramos ainda uma reutilização de lixo e produção do próprio adubo.
Uma das principais etapas de reestruturação desses negócios, se dá através da aplicação de mecanismos de mercado de startups em operações mais tradicionais. “Já imaginou o conceito de squad sendo aplicado em uma lavoura ?”, comenta boyer. um número pequeno de funcionários (4 a 6) se torna “dono” de suas 'fazendinhas' e isso funciona como mecanismo de incentivo, acompanhamento e medição mais assertiva.
Esse tipo de negócio é interessante por ter um bom grupo de fundadores, mas que não tinham acesso aos novos métodos e modelos de captação e transformação. Ao trazer um investidor e conselheiro que possui esse know-how, você pode transformar negócios tradicionais em operações com crescimento exponencial e assim entregar o desejado pela população em larga escala.
Se o agro é tech, pop e tudo, o orgânico em escala é tudo e mais um pouco … e vale mais que bitcoin.
*Gabriel Boyer é empreendedor e conhecido no mercado pelos turnarounds que implementa nas empresas que entra como sócio - suas mudanças operacionais e financeiras possuem sempre um prazo de 18 meses. Em 2021 se tornou sócio de quatro empresas que finalizaram o ano com receita somada de R$15mm e valuation de R$46.5mm, um crescimento de três vezes após o deal. Atualmente, ele é executivo na cervejaria fitness LapaLow, na Steakhouse DB House e atua no conselho do Rancho SFP e Lavoro Seguros. Boyer é formado em Atuária pela UFRJ, membro do Instituto Brasileiro de Atuária e formado pelo SEP da London Business School. Antes de empreender, Gabriel atuou por mais de 20 anos no mercado de seguros, com passagem por companhias como Marsh & McLennan, IRB, Markel e NEWE Seguros.